Salários voltam a atrasar e médicos articulam parar na segunda

Os salários de médicos terceirizados que atuam em UPAs e policlínicas da Capital está em atraso desde o mês de setembro. Os profissionais articulam a paralisação das atividades a partir de segunda-feira (7), caso o montante não seja pago.

“A gente precisa paralisar as atividades. É uma necessidade. Precisamos sustentar nossas famílias”, afirmou um médico, que preferiu não se identificar.

“É muito triste ter que lutar para conseguir o mínimo, receber pelo serviço que prestamos todos os dias, às vezes, durante 24 ou 36 horas seguidas. É muita falta de respeito”.

De acordo com o profissional, os atrasos são recorrentes e começaram desde que a empresa terceirizada assumiu a função, de forma emergencial, para suprir as demandas.

“Desde o início o atraso era de um mês, ou seja, o médico só recebia o primeiro salário depois de trabalhar por dois meses”, afirmou.

O clima entre os médicos foi descrito como de “indignação generalizada”. “A maior parte dos médicos tem apenas esse vínculo, não possui outra fonte de renda, então depende deste salário para manter a si e a sua família”, completou.

Para os profissionais, segundo ele, o sentimento é de descaso, tanto com os médicos quanto com a própria população, diante da falta de repasses.

“Todo mundo que está dentro das UPAS e policlínicas dá a alma para fazer o melhor que pode em péssimas condições de trabalho. Falta de medicação, falta de equipamentos, falta de exames e de exames de imagem”.

“Mas sempre damos o melhor que podemos e mesmo assim a saúde não é uma prioridade”, afirmou.

De acordo com o profissional, alguns colegas já paralisaram as atividades, no consenso de que se o pagamento não for realizado até segunda-feira (7), aderirão ao movimento.

“A maior parte de nós já avisou os responsáveis pela terceirizada e pedimos para que nossos nomes fossem retirados das escalas”, afirmou.

A reportagem teve acesso a um e-mail de protesto, encaminhado por um dos servidores, que não foi identificado.

O intuito dele era “fazer o pessoal da Family [empresa terceirizada] entender que não vamos trabalhar sem sermos respeitados, sem sermos pagos”, afirmou.

No documento, o servidor propõe paralisar as atividades em todas as unidades secundárias. “Não estamos solicitando a participação na paralisação dos médicos que fazem a sala vermelha, pois estes também não podem parar”, dizia o documento.

De acordo com o servidor, os atrasos passaram de 13 dias, a 23, e agora para mais de um mês.

“Vamos receber calote e não vai demorar!”, disse. “Eles querem fazer como já fazem com o pessoal do HMC [Hospital Municipal de Cuiabá]... Vai atrasando aos poucos, aos poucos, até chegar ao absurdo de 5 meses de atraso no pagamento”, dizia outro trecho da publicação.

“Não queremos muito, queremos ser pagos em dia certo, pois os boletos nos cobram em dias absurdamente corretos”, afirmou.


Outro lado

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde explicou que o prazo em contrato para a realização dos repasses é entre 30 e 90 dias, e o valor será pago dentro desse prazo.

“Em relação aos pagamentos da empresa terceirizada de médicos que atuam em UPAs e Policlínicas, a Secretaria possui apenas uma nota fiscal para pagar, porque houve alguns apontamentos no processo”, diz nota.

De acordo com a Secretaria, esse pagamento está previsto para a próxima segunda-feira (07).



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Redação GNMT