Ao longo do tempo o Estado brasileiro tem passado por mudanças e a formação do professor não conseguiu adequar-se à essa nova realidade, pois não se forma um professor como num passe de mágica. É razoável que o professor leve um tempo para obter a base de conhecimento sólida, para enfrentar uma realidade de violência no espaço escolar.
Neste contexto, a formação deve ser repensada e adequada à essa realidade, para isso vislumbra-se a formação inicial e a formação continuada como instrumentos essenciais para preparar e qualificar o professor.
O que fica explícito é que o professor a cada dia recebe novas atribuições, com a exigência de novas habilidades e competências para atender a novos modelos de educação, focados na cultura do desempenho, trazendo consigo outro componente, a violência no espaço escolar, que deixa as marcas das agressões nos corpos e nas mentes, inclusive na vida do professor.
O fenômeno da violência, tão presente e marcante no espaço escolar, passa pela intolerância dos diferentes que ali se encontram e necessita de uma discussão ampla que remete não só à legislação vigente, agindo com o intuito de corrigir, disciplinar, conter e docilizar as crianças, mas deve transcender para o campo da ética, da moral, da fraternidade, dos valores da família e do respeito ao princípio da dignidade humana. Ensina Lafayete Pozzoli, que o núcleo familiar é o primeiro grupo social do qual se percebe e recebe não somente herença genética ou material, mas especialmente moral. A formação de caráter depende, fundamentalmente, do exemplo ou modelo familiar que se tem na formação da personalidade da pessoa, que ocorre predominantemente em fase infantil.
Assim, fica cristalino que é urgente a discussão sobre o tema, tanto nos espaços de formação, quanto nos espaços de diálogos com os diferentes atores, não só apresentando a legislação vigente, mas trazendo envolvimento com pais, alunos, profissionais da educação, Ministério Público, entre outros.
Essa breve apresentação não tem a pretensão de esgotar o assunto, que é difícil e complexo, mas busca trazer à discussão no espaço escolar, uma vez que, em muitas delas, apesar de ocorrências, predomina o absoluto silêncio.
Há então a necessidade de formar para alertar, divulgar e denunciar as agressões sofridas pelo professor no espaço escolar.