PAGANDO PARA TRABALHAR: Renda efetiva dos apps é baixa, confirma Ipea

O número de trabalhadores de aplicativos cresceu nos últimos 12 meses, depois do fechamento de vagas de emprego durante o auge da pandemia. Em agosto de 2020, a Uber divulgou a marca de 5 milhões de entregadores e/ou motoristas no mundo. Desse total, 1 milhão estavam registrados no Brasil, o que representa 20% de todos os trabalhadores vinculados à plataforma, que atuava em 69 países naquela época.


A renda desses trabalhadores foi divulgada na carta conjuntural do Instituto de Pesquisa Economia Aplicada (Ipea), publicada em abril deste ano. O documento utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, criada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) especialmente para análise da pandemia. Os dados foram coletados entre maio e novembro de 2020.


Segundo o pesquisador que assina a análise, Raphael Santos Lapa, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de Brasília (PPGSOL/UnB), há um distanciamento na renda média de entregadores e motoristas no Brasil, mas não o suficiente para cobrir os gastos extras dos trabalhadores que atuam com carros.


“Se considerarmos o melhor período para ambos, temos R$ 1.508,02 para entregadores, em novembro, e R$ 1.888,95 para motoristas, em julho. Na medida em que motoristas têm um gasto maior na manutenção de suas condições de trabalho, tem-se que o distanciamento não chega a ser considerável”, observa o autor.


Apesar dos valores recebidos superarem o salário mínimo (R$ 1,1 mil), eles não incluem os gastos com manutenção e combustíveis, que são pagos pelos trabalhadores. Por isso, o resultado da pesquisa corrobora as queixas dos trabalhadores.


“Para a maioria dos trabalhos, pensa-se sempre no que o trabalhador recebe efetivamente ao fim do mês. Os trabalhadores de plataforma, no entanto, pagam pela aquisição e manutenção de suas condições materiais de trabalho”, pondera o pesquisador.


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