“Bolsonaro entrou no grupo”, foi a mensagem registrada no grupo dos deputados federais do PP. Houve comemoração. O deputado Guilherme Derrite, aliado, se sentiu em casa recebendo o grupo político que vai acompanhar a filiação do presidente Jair Bolsonaro. O projeto é formar um grande partido que sairá ainda mais forte das eleições do ano que vem. A transferência dos aliados do presidente para o PP, vai criar o novo comando, a maior bancada na Câmara dos Deputados. A disputa política do momento está exatamente em formar bancada no Congresso e esta é a estratégia. A ordem é reforçar a base governista, avaliando cuidadosamente cada Estado da federação. Quem domina o Congresso acaba comandando as iniciativas políticas. Ainda não está decidido oficialmente, mas tudo se encaminha para a filiação do presidente Jair Bolsonaro, familiares e aliados ao PP. O deputado Guilherme Derrite tem motivos para comemorar a decisão. Primeiro porque é o partido em que ele está filiado. Depois, o PP sai forte em São Paulo, com o deputado mais votado do país, Eduardo Bolsonaro, a promessa de arrastar mais votos, a deputada Carla Zambelli e o Coronel Telhada, estadual forte que já é do partido. A promessa de crescimento é evidente. O presidente Jair Bolsonaro já foi do PP.
O PTB também abriu as portas para o grupo do presidente Jair Bolsonaro. As tensões foram resolvidas, mas a volta do presidente para o PP está sacramentada. Mesmo preso em domicílio, o presidente do PTB, Roberto Jefferson deu força para a filiação, contrariou aliados e até a filha, a ex-deputada Cristiane Brasil. Foi dele a decisão de fazer uma reunião de presidentes regionais para aparar arestas. Cedeu onde não admitia, como o comando total da sigla e a definição de candidatos para as capitais. O PTB, mesmo sem a filiação do presidente, já decidiu apoiar o projeto de reeleição. O capítulo decisivo para a ida do presidente para o PP foi coordenado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Os dirigentes do Norte resistiam. A popularidade do ex-presidente Lula na região é avaliada como dificuldade para reeleição dos parlamentares e o sinal vermelho estava aceso. O deputado André Fufuca, do Maranhão, e o líder na Câmara, Cacá Leão da Bahia, foram os últimos a serem convencidos. Além do trabalho forte do senador licenciado e presidente do PP, Ciro Nogueira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, articulou fortemente o passo político que se equivale a uma fusão partidária. Foi o presidente da Câmara que deu a notícia para os deputados do PP de que já havia a decisão de filiação e agora é a acomodação entre os representantes regionais.
Ao se filiar ao PP, o presidente Jair Bolsonaro vai mobilizar perto de 40 deputados. Cerca de 30 saem do PSL, inclusive o líder do partido, deputado Vitor Hugo, para acompanhar o presidente. A sigla vai crescer e se transformar na maior da Câmara, ultrapassando até a fusão DEM/PSL, que perderá deputados para o novo destino do grupo de aliados bolsonaristas. O PP deve chegar perto de 80 deputados. O partido União Brasil, formado da junção do DEM com o PSL, terá 82 deputados, mas vai perder pelo menos 35 parlamentares. A nova sigla segue caminho contrário ao presidente Jair Bolsonaro e pode apoiar o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco, ou o ex-ministro Henrique Mandetta. Em conversa com o presidente Jair Bolsonaro, ouvi dele, que já estava atrasado na definição do partido. Ele se demonstrou preocupado principalmente com o destino dos deputados aliados. Até liberou para que candidatos e deputados decidissem por conta própria os destinos políticos. O presidente teve dificuldades para filiação, pelas exigências apresentadas. A estratégia é chegar e comandar. O domínio inclui definir candidaturas, controles regionais e principalmente a chave do cofre. Este último ponto, vira palavrão em se tratando de partido político, que por aqui funciona como uma lojinha, pronta para faturar.