Preços da cenoura e tomate passam de R$ 14 e puxam a inflação dos alimentos

Ir ao supermercado nos últimos meses se tornou um exercício de matemática, daqueles mais difíceis. Com o orçamento cada vez mais apertado e os preços dos alimentos em disparada, o consumidor mato-grossense precisa analisar bem na hora de escolher os produtos e colocar comida na mesa de sua família.


A principal reclamação dos consumidores não é exatamente sobre os preços dos alimentos, mas sim o fato de que o salário não acompanhou os aumentos nas gôndolas.


“É um desespero, pois o salário não aumenta, só os produtos. Então, fica bem difícil lidar com o dia a dia, para fazer uma alimentação saudável”, conta a consumidora Wayara Duarte, que está grávida e precisa de uma alimentação ainda mais equilibrada, para garantir os nutrientes necessários para seu bebê se desenvolver de forma saudável.


Raoni Oliveira, gerente comercial do Taishô Supermercados, confirma que é difícil caminhar pelos corredores do estabelecimento e apontar algum alimento que não tenha sofrido altas significativas neste ano. Os preços já vinham em ritmo de alta desde o ano passado, mas esse ritmo se acelerou em fevereiro de 2022.


Os aumentos mais fortes ocorridos recentemente ocorreram no setor de hortifruti, com destaque para tomate e cenoura. Como resultado, as vendas desses dois produtos praticamente despencaram. A venda do tomate, por exemplo, caiu cerca de 20%. Já as vendas de cenoura caíram ainda mais drasticamente: hoje o mercado vende em uma semana a quantidade que era vendida em apenas um dia.


Itens básicos no cardápio brasileiro, tomate e cenoura eram vendidos por valores entre R$ 4 e R$ 6. Atualmente, o quilo do tomate italiano é comercializado por R$ 16,99, enquanto o tomate salada está na faixa de R$ 14,99. Já o quilo da cenoura está em R$ 12,49, mas pode chegar a R$ 17 em outros supermercados.


“Não só disparou, mas também é difícil comprar, está faltando esses produtos. É a oferta e demanda, está subindo muito o preço”, explica Raoni, ao Estadão Mato Grosso, ao destacar que o leite também sofreu uma forte alta recentemente, de cerca de 40%. Os únicos produtos que estão com os preços estáveis são a carne suína e bovina, que se fixaram nos patamares mais elevados.


Em mais de 10 anos de atuação no ramo de alimentação, Raoni conta que nunca viu o mercado tão “nervoso”. Ele não tem conseguido fechar contratos maiores de fornecimento de alimentos para garantir preços mais estáveis, o que força os estabelecimentos da empresa a trabalhar com estoque reduzido.


“A gente conseguia negociar ofertas por mais tempo. Hoje, ninguém está conseguindo travar os preços dos produtos por duas ou três semanas”, pontua.


Para amenizar os impactos para o consumidor, Raoni tem trabalhado com maior oferta para ganhar em volume e não repassar a totalidade dos reajustes a seus clientes. Além disso, o consumidor mudou de comportamento e dá preferência às marcas mais baratas.


DISPARADA NA CESTA 


A percepção de Raoni é retratada também em pesquisa recente realizada pelo Instituto de Pesquisas da Fecomércio (IPF-MT), que percebeu um aumento substancial do valor da cesta básica na última semana de março.


O conjunto de itens básicos à alimentação de uma família de até quatro pessoas atingiu R$ 740,29 na primeira semana de abril, valor R$ 18,16 acima do registrado na última semana de março, quando custava R$ 722,13. Isso representa uma alta de 2,51% em apenas uma semana.


Para o superintendente da Fecomércio-MT, Igor Cunha, o reflexo no aumento dos preços dos produtos está relacionado à variação positiva do petróleo e ao crescimento dos custos de produção dos alimentos.


“A alta da inflação nos alimentos e no combustível acaba atingindo diretamente o consumidor final, diminuindo em muito o poder de compra das famílias”, disse.



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Redação GNMT