Pais denunciam violência contra alunos da Escola Shanduca, em Araucária; menina de 3 anos também teria sido amarrada
Araucária (PR) – Um caso alarmante de violência infantil veio à tona nesta semana em uma escola particular de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Crianças pequenas, entre elas uma menina de apenas 3 anos e um menino com diagnóstico de autismo nível 3, teriam sido amarradas por funcionários da Escola Shanduca – Berçário e Pré-Escola. A Polícia Civil trata o caso como possível tortura e já instaurou investigação.
Segundo relatos de pais, a denúncia partiu de uma ex-funcionária da instituição, que teria enviado fotos das crianças imobilizadas. Bruno, pai da menina de 3 anos, afirma ter recebido uma dessas imagens. “Ela teria beliscado outra criança, então amarraram ela. É horrível. A gente busca o melhor para os filhos e acaba enfrentando uma situação dessas. É muito triste”, lamentou.
Outro caso envolve um menino autista, não verbal, que também teria sido imobilizado. Os pais só descobriram o ocorrido após a denúncia e ainda não sabem há quanto tempo os maus-tratos vinham acontecendo. “Ele não tem noção de que foi torturado. E como não fala, não conseguimos saber o que de fato aconteceu. É desesperador pra gente como pais”, relatou o pai da criança.
A Polícia Civil já começou a ouvir testemunhas. A pedagoga responsável e a proprietária da escola devem prestar depoimento nesta quarta-feira (10). De acordo com o delegado responsável pelo caso, outros funcionários também poderão ser intimados. “A investigação apura a participação direta, mas também a possível omissão de outros colaboradores”, afirmou.
Especialistas destacam os riscos emocionais de episódios como esse. “Independentemente de diagnóstico, esse tipo de violência gera trauma. No caso de crianças com autismo, especialmente com nível 3 de suporte, o impacto é ainda mais profundo. Elas não compreendem a razão da punição, o que torna tudo mais assustador”, explicou um neuropsicólogo ouvido pela reportagem.
A criança autista já foi retirada da escola e matriculada em outra instituição. Segundo os pais, ele segue assistido por psicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. “Fisicamente ele está bem, mas o trauma emocional ainda é incalculável”, afirmam.
Até o momento, a Escola Shanduca – Berçário e Pré-Escola não se manifestou publicamente. A investigação continua em andamento. O caso reforça o alerta sobre a importância da fiscalização das instituições de ensino e da capacitação adequada de seus profissionais, especialmente no atendimento a crianças com deficiência.