A eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Rondonópolis, marcada para 1º de janeiro, transformou-se em um palco de polarização política.
De um lado, o PL do prefeito eleito Cláudio Ferreira; do outro, o PT do atual presidente do legislativo, Júnior Mendonça.
No centro desse embate está uma questão crucial: a governabilidade.
Embora a composição da Mesa Diretora seja vista como uma peça importante para garantir estabilidade política, é preciso lembrar que a governabilidade não se limita a quem vencerá essa disputa.
Ela depende de um trabalho diário e da habilidade do gestor em construir alianças e manter uma agenda política em sintonia com o legislativo.
Governar é, acima de tudo, um exercício de diário dearticulação, um desafio além da eleição da Mesa Diretora.
A governabilidade é resultado da capacidade do gestor de formar coalizões, negociar interesses e conduzir uma agenda conjunta com o legislativo.
Esse processo envolve cooperação, barganhas políticas e negociações legítimas, que são inerentes à relação entre os poderes Executivo e Legislativo.
É importante destacar que tais articulações, por si só, não implicam em atos ilícitos ou em corrupções, mas representam um mecanismo natural da democracia.
Um prefeito, para ter sua agenda aprovada, precisa coordenar esforços com a Câmara. É nessa relação que se define o sucesso ou o fracasso de um mandato.
No caso de Cláudio Ferreira, o desafio é ainda maior: dos 21 vereadores eleitos, apenas 7 integram sua base inicial, o equivalente a um terço do legislativo.
Para conquistar a governabilidade, ele precisará ampliar seu apoio dentro da Câmara, um processo que já começou com a articulação em torno da candidatura de Paulo Schuh(PL) à presidência da Casa.
Paulo Schuh conta com o apoio declarado de 6 vereadores da base de Cláudio Ferreira: Alikson Reis, José Felipe Horta, Kalinka Meirelles, Gelsão da Saúde, Luciana Horta e Wesley Cláudio. Com Schuh, o grupo soma 7 votos.
Para assegurar a presidência da Mesa Diretora, será preciso conquistar pelo menos mais 4 votos, o que demanda a adesão de vereadores de outros blocos, incluindo possíveis alianças com integrantes da oposição.
Por outro lado, o MDB, que possui 4 vereadores, fechou questão e deve votar em bloco.
Já o grupo do atual prefeito, Zé do Pátio, formado por 4vereadores, sendo 3 do PSB (Beto do Amendoim, Kaza Grande e Vinícius Amoroso) e um da Rede Sustentabilidade (Wellington Pereira), se apresenta como o fiel da balança nessa disputa.
É nesse grupo que tanto Paulo Schuh quanto Júnior Mendonça devem concentrar esforços para garantir maioria.
Além disso, há a possibilidade de Schuh ampliar sua base conquistando o apoio de Doutor Manoel (União) e Renan Dourado (Republicanos).
Caso isso se concretize, ele poderá assegurar a presidência da Câmara com uma margem confortável.
Independentemente do resultado da eleição da Mesa Diretora, a governabilidade não será um prêmio garantido, mas um objetivo a ser perseguido diariamente.
Para Cláudio Ferreira, isso significa ir além das articulações de bastidores e demonstrar habilidade em negociar com vereadores de diferentes grupos e interesses.
A vitória de Paulo Schuh pode representar um passo importante para a construção dessa estabilidade, mas, como a história política ensina, o verdadeiro teste do governo começa depois da eleição.
A disputa pela Mesa Diretora é apenas o primeiro capítulo de um enredo que exigirá habilidade política, diálogo e comprometimento.
Para que a cidade avance, não basta conquistar a presidência da Câmara; é essencial alinhar interesses, estabelecer prioridades e promover uma gestão voltada para os cidadãos.
O futuro político de Rondonópolis está em jogo, e o desfecho desta eleição será um teste não apenas de força, mas de maturidade política.
Afinal, a verdadeira governabilidade é construída com cooperação, responsabilidade e a constante busca pelo bem comum.
Fonte: Dr. Ilson Galdino, Analista Politico