Quando olhamos para a América Latina vemos milhões de pessoas falando a mesma língua espanhola, em terras desbravadas pela mesma nação hispânica, com inúmeras similaridades históricas e culturais, mas divididas por fronteiras, constituições e regimes políticos diversos. E então nos deparamos, no coração do continente sul-americano, com o Brasil: mais de 200 milhões de habitantes sob a mesma unidade política, com uma língua distinta do resto do continente.
Qual o segredo da unidade política do nosso povo? Por que o empreendimento português não resultou em dezenas de pequenas repúblicas como o espanhol?
A resposta está na forma como se deu nossa independência. Quando D. Pedro tomou a si a missão de preservar o que foi adquirido com seu pai, D. João VI, o qual em 1815 elevou o nosso país ao criar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o jovem príncipe garantiu a unidade nacional pelo peso de seu nome, nascimento e bravura, auxiliado pela grande Leopoldina e o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva.
Ao contrário do que muitos pensam, não foi um objetivo alcançado com facilidade. Milhares de pessoas morreram na guerra fratricida de nossa Independência, garantindo que depois daquela elevação de 1815 o país não fosse rebaixado após o retorno relutante de D. João, que tanto amava o Brasil, a Portugal.
Com o sangue de nosso povo e a liderança de D. Pedro, Dona Leopoldina e Bonifácio fez-se o Brasil – vale lembrar, não sem tentativas fracassadas de separatismo – e o país trilhou o século XIX com estabilidade política, prosperidade econômica, progressiva abolição da escravidão e um nível crescente de refinamento civilizacional.
Injustiça, conflitos, altos e baixos, de tudo houve em nossa história, mas basta considerar as décadas que se seguiram ao 7 de Setembro de 1822 para perceber que temos o que celebrar nesta data e o quanto devemos àqueles que lutaram pela autonomia e integridade da nossa nação.
_*Cláudio Ferreira – Empresário, biólogo, professor e deputado estadual*_