Presidente do Conselho da Santa Casa presta depoimento à CEI e nega que tenha assinado documento

O empresário Jacques Polet, presidente do Conselho de Administração da Santa Casa de Rondonópolis, prestou depoimento nesta terça-feira (29) à Comissão Especial de Inquérito (CEI) instaurada na Câmara Municipal para apurar a situação administrativa e financeira do hospital. Polet foi o terceiro a ser ouvido pelos vereadores e falou por mais de três horas, apresentando novas informações relevantes para as investigações.

Durante seu depoimento, Polet afirmou que sua assinatura aparece em um contrato firmado entre a Santa Casa e a empresa CBS, relativo ao programa Fila Zero, sem que ele tenha de fato assinado o documento. Embora tenha levantado a suspeita, o empresário evitou afirmar de forma categórica que houve fraude. “Sempre rubrico todas as vias dos contratos que assino e, neste contrato específico, não há isso”, declarou.

Outro ponto abordado por Polet foi a polêmica envolvendo uma fazenda que teria sido doada à Santa Casa. Ele negou que o imóvel tenha sido vendido por valor abaixo do mercado e afirmou que a área não apresenta viabilidade para exploração mineral, contrariando especulações anteriores. O motivo é que o Estado não permite mais esse tipo de exploração. 

Em sua análise sobre a origem da crise financeira enfrentada pelo hospital, o presidente do Conselho apontou a pandemia de Covid-19 como fator inicial determinante. “Com a pandemia e a mudança nos pagamentos dos leitos de UTI, que antes eram baseados na quantidade de leitos existentes e passaram a ser calculados pelos leitos efetivamente ocupados, a Santa Casa perdeu praticamente 50% de sua receita. Uma UTI precisa manter equipe e estrutura, esteja ocupada ou não”, explicou. Segundo ele, desde então, o hospital acumula prejuízo mensal de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões.

Polet também criticou a dependência do hospital em relação a emendas parlamentares para manter os pagamentos em dia e ressaltou a limitação imposta pelo modelo de financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Todos os nossos problemas financeiros são oriundos da forma como o sistema de saúde é operado. A tramitação dos recursos deixa pouca margem de manobra”, afirmou, lembrando que o SUS realiza os repasses apenas após a execução dos procedimentos médicos.

O depoimento de Jacques Polet foi considerado estratégico pelos membros da CEI, por trazer contrapontos aos relatos anteriores da ex-diretora Bianca Franco e do ex-advogado Leonardo Rezende, cujos depoimentos foram considerados antagônicos.

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Redação GNMT