Ao que parece, o pré-candidato ao Senado pelo PP e atual deputado federal, Neri Geller (PP), jogou de vez a toalha pelo apoio do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ou mesmo a conquista de sua neutralidade no pleito de outubro, e rotulou o atual Governo Federal de “incompetente”, em uma entrevista divulgada, nesta quinta-feira (16), pelo site RDNews.
Embora seja membro do Centrão que ainda sustenta e do partido que “viabilizou”, segundo suas próprias palavras, o Governo de Jair Bolsonaro (PL), Geller não poupou críticas ao comentar a situação da concessão da BR-163, em Mato Grosso, e de outros gargalos em infraestrutura. Neri defendeu a proposta de estadualização da BR-163, que vem sendo articulada pelo seu maior rival no pleito futuro, o senador Wellington Fagundes (PL), como uma saída para o impasse.
Ele argumenta que a devolução amigável, em andamento, vai levar pelo menos dois anos até que o Governo Federal conclua um novo processo de licitação. “Não vai ser da noite para o dia, não podemos enganar a população. Não há uma solução rápida”. O parlamentar avalia que a proposta de estadualização é viável e vê nisso como um reflexo da “incompetência” da gestão de Bolsonaro para resolver o problema.
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Para ele, isso deveria ter sido enfrentado já no primeiro e até no segundo ano da gestão. Perguntado se a União poderia reassumir a gestão da rodovia federal ou pelo menos duplicar alguns trechos entre Cuiabá e Sinop, Neri diz que não.
“O Governo Federal é incompetente para isso. Ele não tem condições para fazer gestão, para fazer o asfalto. Então tem que, ou privatizar ou deixar para o Governo Estadual. Em quatro anos, o Governo Federal fez 18 quilômetros de asfalto (entre Rondonópolis e Cuiabá), não fez o anel viário chegando em Cuiabá. Será que vai fazer agora? Acho muito difícil, até porque o orçamento do Dnit não dá para fazer manutenção. Basta ir nos locais onde é responsabilidade do orgão: a 163 de Sinop para frente é um caos, a 158 não se faz manutenção, a 242 não está andando”, desabafa.
Neri lembra que, quando atuou como líder da bancada mato-grossense no Congresso, se indispôs com o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, por conta da pauta.”Nós devíamos ter tomado providências no primeiro ano ou, na pior das hipóteses, no segundo ano do governo, quando tinha investidor para fazer um processo de cura. Poderia ter entrado outro investidor, resolvido isso de forma pacífica e as obras poderiam estar acontecendo”, citou o parlamentar, sem citar que o maior problema na questão era jurídico e não de gestão.
A rodovia ganhou os holofotes no cenário político desde o acidente, em maio, entre um ônibus e uma carreta, que deixou pelo menos 11 mortos e dezenas de feridos. Outras tragédias ocorreram depois e a soma de vidas perdidas na “rodovia da morte” já ultrapassa 800, desde 2016.
O federal avalia ser possível fazer uma PPP, via MT Par, com a iniciativa privada, porque o Governo do Estado tem recurso em caixa para isso. “Mas também não é da noite para o dia. É uma saída como foi na MT-174. Em 2017, quando eu estava como secretário de Políticas Agrícolas, eu quase apanhei em uma audiência ao defender que o caminho para a 242 não era federalizar, mas deixar com o Estado de Mato Grosso, e fazer as obras com recursos do Fethab”.