Foi exumado em Sinop (500 km de Cuiabá), nesta sexta-feira (17), o corpo da pequena Manoella Tecchio, de 3 anos de idade. A exumação foi a pedido do delegado Ugo Reck, responsável pela investigação que apura se a morte da criança foi causada por negligência médica. A imprensa não pode acompanhar os trabalhos da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e da Polícia Civil, realizado no cemitério onde a criança foi sepultada.
“É uma situação lastimável, né, a perda de uma criança que tinha toda a vida pela frente. Isso requer mais cuidado ainda na investigação. Esse tipo de exame, apesar de ele ser invasivo, ele é necessário para que a perícia possa detectar possível negligência, imprudência e imperícia, que é o que ocorre nesses casos de atendimento médico. Então foi feito o pedido desse exame, e agora estou aguardando o laudo para confirmar a situação de possível imperícia ou imprudência no atendimento”, disse o delegado, em conversa com jornalistas.
Ugo Reck explicou que o procedimento precisa ser feito com urgência, porque após a morte, o corpo humano se deteriora com muita velocidade e isso poderia prejudicar a análise, necessária para a elucidação do caso.
“A família me procurou quando a gente foi informado da situação, do atendimento da criança, da evolução da doença que ela apresentava e do atendimento médico, de toda a situação. Então tudo isso leva um tempo para que seja apurado, mas a exumação é necessária ser feita com urgência porque quanto mais passa o tempo mais deteriora o corpo, então essa perícia tem que ser feita com urgência e a gente conseguiu fazer em nove dias”, explicou.
Segundo o delegado, o próximo passo é identificar e interrogar os profissionais de saúde que trabalhavam na unidade durante o período em que a criança ficou internada. Mas, conforme explicou o delegado, assim que sair o resultado da exumação, já será possível chegar a uma conclusão sobre o caso.
Segundo explicou, o mais provável é que tenha ocorrido erro médico no caso de Manoella, nesse caso, os envolvidos deverão responder administrativa e criminalmente.
“Além de responder criminalmente, caso seja comprovado, o eventual responsável ainda responde administrativamente no órgão do CRM (Conselho Regional de Medicina) que cuida dessa parte também”, finalizou.
O caso
Manoella Tecchio, de 3 anos, morreu na quinta-feira (09) em uma Unidade de Pronto Atendimento de Sinop, após dar entrada com tosse seca. A Prefeitura Municipal determinou abertura de uma sindicância para apurar o caso e afastou a médica responsável pelo atendimento.
Segundo o pai da criança, ela estava com sintomas de gripe e, na segunda-feira (06), apresentou tosse seca. Eles a levaram até a UPA e a médica pediu exame de sangue e urina, que não teria constatado nada. A profissional, então, teria medicado um remédio para tosse alérgica e mandou a criança para casa.
Porém, a menina não melhorou e, na terça-feira (07), voltaram a levá-la até a UPA. Manoella foi examinada novamente e uma radiografia constatou que o pulmão estava bastante comprometido. Foi solicitada a transferência para uma UTI Neonatal em cidades vizinhas, mas nenhum leito estava disponível.
Os profissionais da UPA tentaram realizar um procedimento para salvar a criança ali mesmo, mas a menina não resistiu. A causa da morte apontada pela unidade médica seria choque séptico e pneumonia.
“A gente não sabe o que aconteceu e como foi feito, pois a gente não teve acesso e a gente não sabe se foi feito algum tipo de drenagem ou não. Simplesmente Manoella teve quatro paradas cardíacas e na quinta ela não resistiu e acabou falecendo”, disse o pai da criança.