Policial cria “grupo de extermínio” para executar bandidos soltos pela Justiça

Um policial militar foi preso preventivamente acusado de ser mandante de diversos homicídios ocorridos em Brasnorte (579 km de Cuiabá) entre os anos de 2020 e 2022. Um dos autores do crime também foi detido e autuado por homicídio triplamente qualificado e constituição de milícia privada.

De acordo com a Polícia Civil, o PM atua na região e foi identificado nas investigações como o mandante dos homicídios, cujas características apontam para a formação de um grupo de extermínio criado pelo policial.

A prisão preventiva contra o militar foi expedida pela Justiça na quinta-feira (21) e ele se apresentou ao Batalhão da Polícia Militar de Tangará da Serra na tarde de sexta-feira (22), ocasião em que teve a ordem judicial cumprida.

A Polícia Civil apurou que o militar fazia questão de falar que "ninguém matou mais vagabundos do que ele". Elementos reunidos nos inquéritos indicam que a motivação para a execução dos crimes seria, na verdade, o domínio territorial para o tráfico de drogas.

Um dos executores dos homicídios foi preso preventivamente e outro está foragido.

Crimes

Um dos homicídios, cujo inquérito foi concluído pela Delegacia de Brasnorte, ocorreu em 19 de maio de 2020 e vitimou um casal que foi atingido por vários disparos de arma de fogo. A mulher, de 19 anos, sobreviveu. Já o namorado dela, Caíque da Conceição de Souza, 20 anos, morreu 40 dias depois em decorrência dos múltiplos disparos. Ele estava trabalhando como entregador de marmitas.

No dia dos fatos, a chefe de Caíque recebeu um pedido de marmitas para entrega à noite. A Polícia Civil apurou que o pedido foi uma armadilha para que a vítima se dirigisse ao local onde os criminosos pretendiam matá-la. Neste dia, a namorada de Caíque foi junto e acabou sendo alvejada. O crime foi executado por quatro homens.

A investigação apurou que o militar teria ficado revoltado após Caíque ser liberado pela Justiça, três dias antes de sua morte, quando foi detido com porções de drogas e três munições. O rapaz morto teria envolvimento com tráfico doméstico de drogas.

O militar, então, teria armado com mais três comparsas (dois deles ainda não identificados) uma emboscada para matar Caíque. No dia do crime, quatro pessoas desceram do veículo e dispararam com o rapaz e a namorada.

Outra morte investigada pela Delegacia de Brasnorte, cuja autoria chegou ao policial ocorreu no dia 30 de abril deste ano. A vítima, Edivaldo Ferreira Loures, foi morto por um dos criminosos já identificados e que está foragido. A vítima foi morta quando o criminoso tentava matar outra pessoa, que supostamente seria ligada a uma facção criminosa.

Os indícios reunidos na investigação atestam que o policial militar organizou um grupo de extermínio, sendo responsável direto pela morte de diversas pessoas. Até o momento, a Polícia Civil em Brasnorte identificou seis homicídios, que estão em fase final de investigação.

Outro homicídio, cujo inquérito foi finalizado nesta semana com o indiciamento dos envolvidos, ocorreu em julho de 2020. Elson Baragão, de 57 anos, foi encontrado na tarde do dia 9 de julho em uma estrada de região de fazendas, próximo à MT-170.



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Redação GNMT