TJ não considera doença e mantém prisão de contador por morte de advogado em MT

A Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT) manteve a prisão do contador João Fernandes Zuffo, acusado de ser líder de uma organização criminosa que atua na região de Juscimeira (158 KM de Cuiabá). Ele seria o mandante da morte do advogado João Anaídes Cabral Netto, executado com um tiro na cabeça enquanto sua chácara era assaltada por criminosos em julho de 2021.


Zuffo também estaria no condomínio de chácaras onde ocorreu o crime e teria se passado como vítima dos outros bandidos. Os magistrados da Terceira Câmara seguiram por unanimidade o voto do desembargador Gilberto Giraldelli, relator de um habeas corpus ingressado pela defesa do contador contra a sua prisão – ocorrida em dezembro do ano passado, após Zuffo ter foragido.


A decisão foi publicada na última sexta-feira (21). No habeas corpus, os advogados argumentaram que testemunhas do crime – 7 pessoas estavam na chácara no dia da morte do advogado, e foram amarradas pelos bandidos -, apontaram que os criminosos perguntavam pelo contador, dizendo que iriam “picotá-lo”.



A defesa do suspeito também alegou que seu cliente tem problemas de saúde, agravados pelo novo coronavírus (Covid-19) e por uma doença denominada hemocromatose hereditária, que ataca o fígado e os tecidos. “Suscitam tese negativa de autoria, ao argumento de que todas as testemunhas ouvidas durante a fase investigativa foram uníssonas em afirmar que, em verdade, João Fernandes Zuffo era a principal vítima da quadrilha, tanto que durante toda a ação delituosa, os meliantes perguntavam pelo ora paciente, afirmando aos reféns por diversas vezes que queriam ‘picotar ele, fazer uma peneira dele’”, diz trecho dos autos.


OPORTUNISMO


Em seu voto, porém, o desembargador Gilberto Giraldelli lembrou que o crime foi cometido com “crueldade”, e que a pandemia do Covid-19 não pode ser utilizada para “pedidos oportunistas” de liberdade de presos. “Além de terem arquitetado com antecedência toda a execução do crime patrimonial que seria cometido no Residencial Flor do Vale, localizado na Zona Rural de Juscimeira/MT, a documentação angariada aos autos demonstra que os meliantes agiram de forma extremamente cruel, tanto que a ação criminosa culminou na morte de João Anaídes Cabral Netto, que restou atingido na cabeça por um disparo de arma de fogo”, asseverou Gilberto Giraldelli.


As investigações identificaram o envolvimento de oito pessoas no latrocínio do advogado. O grupo invadiu o condomínio de chácaras Flor do Vale, roubou algumas propriedades e na última delas, em que estava a vítima, amarrou as pessoas que estavam na casa. O advogado João Anaides e mais uma vítima do assalto foram amarradas separadamente em um banheiro.


Os suspeitos começaram a subtrair objetos pessoais das vítimas e logo em seguida foi ouvido um disparo de arma de fogo vindo do banheiro. A vítima que estava trancada no banheiro junto com o advogado relatou que um dos suspeitos arrombou a porta e efetuou um disparo na cabeça de João Anaides.


Após o disparo, os criminosos fugiram do local levando duas caminhonetes, uma delas, do advogado. De acordo com o delegado Ricardo de Oliveira Franco, as provas produzidas e indícios reunidos no inquérito demonstram a liderança do contador no planejamento e execução de diversos crimes patrimoniais ocorridos na região.


Ele planejava, apontava e indicava aos comparsas do grupo criminoso os lugares para executar os roubos, entre eles o que ocorreu no condomínio de chácaras onde três propriedades foram alvos do grupo e em uma o advogado foi morto. O contador tem uma chácara no mesmo condomínio onde ocorreu o latrocínio e na data ele estava na propriedade, onde aguardava a conclusão do roubo, se passando por vítima.


Um dos criminosos identificados na investigação é funcionário do contador. A polícia identificou ainda a participação dele, do patrão e de outros dois suspeitos em outro roubo cometido também contra um advogado, em dezembro do ano passado, quando foi levado um veículo BMW da vítima, em Cuiabá. Na ocasião, o contador estava presente no local do roubo e se passou novamente por vítima.


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Redação GNMT