Uma megaoperação da Polícia Federal, deflagrada nesta terça-feira (29), mira uma sofisticada organização criminosa especializada em tráfico internacional de drogas por meio de embarcações de alto desempenho, como veleiros e lanchas rápidas. Batizada de Narcovela, a ação envolve os estados do Maranhão, Pará e Santa Catarina, e inclui o cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva contra brasileiros que estão fora do país.
A quadrilha investigada utilizava tecnologia de ponta, como sistemas de navegação por satélite, para cruzar o oceano Atlântico levando carregamentos de cocaína da América do Sul para a Europa e o continente africano. Segundo a PF, a base operacional do grupo estava concentrada na região de Santos (SP), onde a droga era armazenada e, em seguida, transportada por pequenas lanchas até o alto-mar.
No mar aberto, a droga era transferida para embarcações maiores — como pesqueiros e veleiros — que realizavam as travessias transoceânicas. Ao se aproximarem das costas da África ou das Ilhas Canárias, essas embarcações se encontravam com outras lanchas rápidas que concluíam o transporte até o continente.
A investigação começou após a prisão de um brasileiro em fevereiro de 2023, interceptado com três toneladas de cocaína a bordo de um veleiro, próximo à costa africana. O homem, experiente velejador, foi cooptado pela organização criminosa para atuar no transporte da droga. Ele recebia os carregamentos em alto-mar, como forma de escapar da fiscalização da Marinha Brasileira e da Polícia Federal.
Durante a operação desta terça, a PF apreendeu dinheiro em espécie, joias, barcos e dois carros de luxo — um no litoral paulista e outro na capital. A Justiça Federal também determinou o bloqueio e apreensão de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão.
Ao todo, 23 pessoas foram presas até o momento. Elas devem responder por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e participação em organização criminosa.
A ação contou com apoio da Guarda Civil Espanhola e da Marinha Francesa, que já haviam interceptado outros carregamentos da quadrilha em operações anteriores em águas internacionais.