Delegada: Professora morta pelo namorado não denunciava agressões desde janeiro

A delegada Ana Caroline Lacerda Terra, responsável pela investigação do feminicídio de Valerie Angelita Petronetto Gonçalves, 48 anos, ocorrido em Lucas do Rio Verde (254 km de Cuiabá), afirmou que não houve denúncias de violência doméstica contra Bruno dos Santos Diesel, 26 anos, nas últimas semanas. O homem matou a professora na noite de sábado (10).

A delegada esclareceu que a última denúncia contra o bandido foi feita em janeiro, por Valerie. Na ocasião, a professora chegou a pedir medida protetiva, que durou seis meses. Ao final, em julho, ela não quis dar continuidade, pois reatou o relacionamento.


“A gente ainda não sabe se as agressões continuaram após isso. O que nós sabemos é que anteriormente ao crime teve uma situação de violência doméstica, mas nenhuma ocorrência foi registrada”, conta.

Bruno foi preso na terça-feira (13), em Dourados (MS), enquanto tentava fugir para o Paraná, onde mora sua família. Em depoimento, ele confessou o crime e alegou que matou a professora, pois queria se separar dela, mas a vítima não aceitava.

“Ele disse que estava tentando se separar, queria sair de casa, mas ela não aceitava, o que acabou fazendo eles discutirem”, conta. A delegada, no entanto, não acredita nessa versão.

“Só que a questão é, ela já vivenciava um ciclo de violência doméstica. Ela passava por uma situação que ela sofria, que ela era vítima da situação. Não tinha como ser só simplesmente porque ela não queria deixar que ele saísse dali”, salienta.

Para a delegada, deve existir um motivo real, que só deve ser revelado durante o julgamento.

Vídeos divulgados nas redes

Sobre os vídeos divulgados como sendo da noite em que Valerie foi morta, a delegada esclareceu que as gravações foram repassadas em setembro para a Polícia Civil e não dá para identificar a vítima.

“O que a gente sabe é que não está relacionado ao feminicídio. Pela gravação não dá nem para afirmar que isso tenha ocorrido em Lucas do Rio Verde, já que a imagem escura não identifica nada”, afirma.

Denúncias

Para Ana Caroline Lacerda Terra, os casos de violência doméstica, no geral, não são mais denunciados por conta de medo e vergonha da vítima, mas quem presencia, não pode mais ter o pensamento de que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”.

“Hoje em dia esta mais que claro que em briga de marido e mulher a gente mete a colher sim, a gente tem que noticiar. Não pode se calar. A maioria das vítimas, por vergonha, por medo do que a comunidade em geral pode ficar pensando depois, acaba não agindo e continua nesse ciclo de violência”, afirma.

Ela continua, dizendo que muitas mulheres não conseguem sair de relações abusivas por falta de apoio. “Às vezes a mulher só consegue sair se tiver alguém que a ajude, com que ela seja retirada desse ciclo. Então tem que denunciar".

Em caso de violência contra a mulher, denuncie pelo 197 ou pelo 190.


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Redação GNMT