A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (26), a operação Sisamnes, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar um esquema de venda de sentenças judiciais. A ação incluiu o cumprimento de um mandado de prisão preventiva e 23 ordens de busca e apreensão em endereços localizados em Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal.
Segundo a PF, o esquema envolve uma rede composta por advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados, que negociavam decisões judiciais favoráveis mediante pagamento de suborno. Entre os alvos da operação, embora os nomes não tenham sido oficialmente divulgados, a TV Globo apurou que foram realizadas buscas nas residências dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), que já estavam afastados de suas funções desde agosto.
As investigações também revelam negociações relacionadas ao vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais. A Polícia Federal suspeita que o grupo beneficiava “clientes” em processos judiciais de forma ilegal, emitindo decisões em troca de vantagens financeiras.
O STF autorizou, além da prisão preventiva de um lobista ligado ao esquema, medidas restritivas como uso de tornozeleiras eletrônicas, afastamento de funções públicas e bloqueio de bens e valores dos investigados.
O nome da operação, Sisamnes, é uma referência a um juiz da mitologia persa que, segundo relatos, teria aceitado suborno para emitir uma sentença injusta, destacando o caráter simbólico da ação contra corrupção no sistema judiciário brasileiro.