"Maior desmatador do Pantanal" vende jatos e fazendas em estratégia para esvaziar patrimônio e evitar multas de R$ 2 bilhões, alerta MP

Empresário Claudecy Oliveira Lemes negociou BMW de R$ 1 milhão e alienou propriedades rurais num valor superior a R$ 20 milhões. Procuradoria pede ao TJMT que mantenha bloqueio de mais de 60 mil cabeças de gado para garantir o pagamento das dívidas ambientais.

CUIABÁ-MT – O empresário Claudecy Oliveira Lemes, conhecido nacionalmente como o “maior desmatador do Pantanal”, está executando uma estratégia agressiva para esvaziar seu patrimônio e dificultar a cobrança das multas ambientais que ultrapassam a casa de R$ 2 bilhões. A informação é do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), que acionou o Tribunal de Justiça para conter a manobra.

Em um parecer urgente apresentado nesta segunda-feira (17), o Procurador de Justiça Hélio Fredolino Faust alertou que Claudecy tem promovido a venda de veículos de alto padrão e a alienação de propriedades rurais distribuídas por municípios como Rondonópolis, Santo Antônio do Leverger e Pedra Preta. O objetivo, segundo o MP, é dilapidar o patrimônio para escapar do pagamento das sanções judiciais relacionadas ao desmatamento químico de mais de 80 mil hectares do bioma Pantanal.

O MPMT rastreou as movimentações financeiras do empresário e identificou transações suspeitas. Em 2024, Claudecy negociou uma BMW X6 M Competition 2023/2023, avaliada em mais de R$ 1 milhão. Paralelamente, promoveu diversas alienações fiduciárias de fazendas, cujos valores somam mais de R$ 20 milhões.

Entre os imóveis envolvidos estão propriedades localizadas em Rondonópolis e municípios vizinhos, algumas com documentação irregular ou situadas em áreas embargadas por crimes ambientais. Segundo o procurador, essas manobras reduzem drasticamente a liquidez do patrimônio e criam um emaranhado de direitos de terceiros, tornando quase impossível a execução das multas e a reparação dos danos.

Diante do cenário, o Ministério Público pede a manutenção da indisponibilidade de um dos bens mais valiosos ainda sob o controle de Claudecy: as mais de 60 mil cabeças de gado presentes nas 11 fazendas ligadas a ele. O bloqueio do rebanho é visto como essencial para garantir algum lastro financeiro para as futuras cobranças.

O empresário acumula uma série de condenações. Em setembro, o juiz Emerson Luis Pereira Cajango, da Vara Especializada do Meio Ambiente de Cuiabá, determinou o pagamento de mais de R$ 1 milhão e impôs serviços comunitários pela destruição de quase 4 mil hectares da Fazenda Comando Diesel, em Barão de Melgaço.

Para evitar que a estratégia de Claudecy prevaleça, o MP recomendou a suspensão do julgamento de um recurso no TJMT e sugeriu o envio do caso ao CEJUSC de 2º Grau. A proposta é tentar uma mediação para construir um plano conjunto entre Estado, MPMT, Sema e o administrador judicial, com o próprio Claudecy, visando estabelecer medidas reais de preservação, recuperação ambiental e, principalmente, a reparação dos estragos históricos causados ao Pantanal.

A corrida contra o tempo se intensifica, enquanto o maior desmatador da região parece estar mais focado em salvar sua fortuna do que em responder pelos crimes ambientais que cometeu.

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Redação GNMT