A Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (CODER) enfrenta uma das maiores crises financeiras de sua história.
Com uma dívida superior a R$ 260 milhões, a situação exige decisões rápidas, estratégicas e, acima de tudo, transparentes.
Em um vídeo divulgado recentemente, o prefeito, ao lado da secretária da Fazenda, Rane, trouxe à tona uma medida polêmica e necessária: o parcelamento de parte da dívida da CODER.
Mas será que isso será suficiente para reverter esse cenário?
Um Problema Que Não Pode Ser Ignorado.
"É importante esclarecer você que trabalha no CODER", afirmou o prefeito. "Recebemos a CODER com uma dívida de mais de R$ 260 milhões.
Vamos comprometer mais de R$ 1,7 milhão por mês, o que corresponde a mais de 30% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Vamos perder esse recurso, que poderia ser usado para investimentos, para pagar dívidas feitas de maneira irresponsável."
A crítica do prefeito foi incisiva: "Onde estavam nossos críticos, nossos detratores?
Vi muita gente reclamando porque o salário do CODER estava atrasado, mas essas pessoas ficaram caladas quando o FGTS do trabalhador não era pago. Muita hipocrisia, muita demagogia. Covardia.
Mas nós estamos aqui fazendo diferente.
Vamos adotar essa medida para que possamos voltar a contratar com um CODER."
A fala do prefeito reflete a gravidade da situação e aponta para um problema que não se limita apenas aos números.
A crise da CODER é também uma questão moral e política, que exige posicionamento firme e ações concretas.
Um Passado de Dívidas, Um Presente de Incertezas.
A negociação entre a Prefeitura de Rondonópolis e aCODER ganha novos capítulos a cada dia, mas o futuro da companhia continua incerto.
No passado, um acordo entre as partes envolveu a transferência de um terreno, cujo valor foi utilizado para quitar R$ 3 milhões em dívidas. Atualmente, o imóvel está em processo de escrituração e, após a formalização, será vendido à Prefeitura por R$ 14 milhões.
Esse montante pode oferecer um fôlego financeiro temporário para a companhia.
Além disso, negociações para um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) estão em andamento.
Caso seja firmado, o TAG poderá liberar R$ 13 milhões, permitindo que a CODER continue operando, mesmo sem a Certidão Negativa de Débitos.
Isso viabilizaria contratos com a Prefeitura e garantiria a manutenção das atividades da companhia.
No entanto, a dívida tributária de mais de R$ 200 milhões ainda paira como uma sombra sobre qualquer solução definitiva.
A Expectativa por Justiça e Regularização
Enquanto a administração municipal busca alternativas para equilibrar as contas, os funcionários da CODER seguem enfrentando os impactos diretos dessa crise.
Salários atrasados, férias não pagas e falta de depósitos no FGTS são problemas que afetam centenas de trabalhadores.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis (SISPMUR) mantém uma postura firme, exigindo a regularização imediata dos direitos trabalhistas e rejeitando qualquer justificativa financeira para os atrasos.
Para o SISPMUR, a prioridade deve ser o bem-estar dos trabalhadores.
A entidade destaca que, embora as negociações financeiras sejam importantes, elas não podem ser utilizadas como desculpa para negligenciar os direitos básicos dos funcionários.
A posição do sindicato é clara: a solução para a CODER deve passar, antes de tudo, pela garantia de dignidade aos seus trabalhadores.
O Que Está em Jogo?
A crise da CODER vai muito além de uma simples negociação financeira.
Ela revela o resultado de anos de má gestão, decisões irresponsáveis e falta de planejamento.
A pergunta que fica é: o parcelamento da dívida e a venda do terreno serão suficientes para salvar a companhia, ou estamos diante de mais um paliativo?
A fala do prefeito e os esforços da administração municipal mostram que há uma tentativa de reverter o quadro.
No entanto, a complexidade do problema exige mais do que soluções temporárias.
A reestruturação definitiva da CODER depende de uma renegociação ampla da dívida tributária e de um pacto institucional que priorize a sustentabilidade econômica da companhia.
Enquanto isso, os funcionários continuam esperando. Esperando por salários, por respostas e, acima de tudo, por justiça.
O futuro da CODER está em jogo, e o caminho para a recuperação ainda parece longo e incerto.
A Hora de Decidir.
A situação da CODER é um reflexo dos desafios enfrentados por muitas empresas públicas no Brasil.
Entre dívidas milionárias, disputas políticas e o clamor dos trabalhadores, a busca por uma solução definitiva exige coragem, diálogo e responsabilidade. O parcelamento da dívida e a venda do terreno podem ser um passo na direção certa, mas a crise da CODER só será superada com uma gestão comprometida, transparente e focada no futuro.
Enquanto isso, a pergunta permanece: será que estamos diante de uma solução ou de mais um capítulo de uma crise que parece não ter fim?
A resposta, como sempre, depende das decisões que serão tomadas nos próximos dias.