Pai de indígena mato-grossense vacinado contra Covid-19 diz que filho é "exemplo para a criançada"

O cacique Jurandir Siridiwe, pai do mato-grossense Davi Xavante, de oito anos, a primeira criança vacinada contra a Covid-19 no Brasil, disse que o filho agora é um "exemplo para a criançada". Além disto, ele - que acompanhou a cerimônia pela internet - cobrou agilidade do Ministério da Saúde para a vacinação da faixa etária.


"Governador João Doria, primeiro quero agradecer a atenção à saúde do Brasil, estou muito feliz pelo Davi ter tomado a primeira dose, ser um exemplo para a criançada de 5 a 11 anos. Que o resto do Brasil possa fazer essa vacinação para salvar, para que amanhã possamos ter alegria, sorriso", disse o cacique.


O indígena ainda lembrou que a vacinação é importante e que espera que toda a população se imunize.

"Você está de parabéns, o estado de São Paulo parece primeiro mundo, estou muito encantado. Que o Ministério da Saúde corra para que tenhamos prioridade na nossa criançada", disse o indígena, em mensagem direcionada ao governador João Dória.


Ao final da aplicação da vacina, Davi disse à CNN Brasil que gostaria de receber o imunizante para se proteger e fazer isso pela sua aldeia. "Estava um pouco nervoso. [Por que?] De emoção e alegria. [Você queria tomar a vacina?] Eu queria para ter mais proteção e eu estou fazendo isso para a minha aldeia", disse a primeira criança a ser vacinada no Brasil.


O cacique Jurandir Siridiwe, pai do garoto, que mora em Mato Grosso, acompanhou o evento da vacinação do filho virtualmente. Outras 14 crianças também receberam suas primeiras doses no mesmo local.


Davi se mudou para Piracicaba (SP) há um ano para se tratar de uma doença genética no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. Por causa do problema, ele tem dificuldades para andar e hoje usa uma prótese.


O governador João Dória esteve presente no ato, que marcou o início da imunização infantil para crianças de 5 a 11 anos, após semanas de resistência do governo Jair Bolsonaro (PL), que se contrapôs à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na questão.


Davi foi escolhido de acordo com a recomendação do Plano Estadual de Imunização de São Paulo, que pede para que se priorize as crianças de 5 a 11 anos com comorbidades, deficiência, indígenas e quilombolas.


O garoto indígena é filho do cacique xavante Jurandir Siridiwe. Durante nove meses, ele viajou mensalmente com menino para a capital paulista para que ele se submetesse ao tratamento.


Com a mudança para São Paulo, Davi foi levado para a casa de uma tutora em Piracicaba que o acompanha nas consultas rotineiras que faz no HC, com médicos das áreas de reabilitação e neurologia.


O caso do menino é estudado pelos especialistas do Instituto da Criança, que procuram identificar as razões pelo qual ele perdeu parte dos movimentos das pernas. Os profissionais também fazem um estudo genético completo com ele, já que na tribo há outras crianças com sintomas similares.


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Redação GNMT