Esposa de Pátio declara patrimônio sete vezes maior que o dele

Um marido “pobre” com uma mulher milionária. Essa frase resume a situação econômica da família do prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio (PSB), que costuma causar risos coletivos ao declarar seus bens à Justiça Eleitoral, a cada vez que se candidata.


Enquanto Pátio expôs R$ 178.899,00 de patrimônio (incluindo um Fusca 1983 de menos de R$ 2,5 mil), em 2020, quando se reelegeu prefeito da maior cidade do interior de Mato Grosso, a primeira-dama, Neuma de Morais (PSB), oficializou ter R$ 1,3 milhão, nos últimos dias.


Neuma é pré-candidata a deputada federal e almeja chegar ao Congresso Nacional, coisa que o marido, em sua extensa carreira política, nunca conseguiu. O prefeito anulou projetos de aliados para lançar a mulher.


O sonho de Pátio, segundo aliados mais próximos, é concorrer ao Senado Federal, em 2026, com as bençãos de Lula (PT), que em 2022 é pré-candidato a Presidência da República com apoio fervoroso do gestor de Rondonópolis.


Iniciante na condição de candidata, Neuma já possui um histórico longo de vivência no meio político, mas resolveu se soltar mais e se posicionar, utilizando as redes sociais, nos últimos anos, virando uma espécie de “petista não-filiada”.


O casal, inclusive, é defensor de uma guinada à esquerda do PSB, que segue seguro no centro, em Mato Grosso, na base do governador, Mauro Mendes (UNIÃO BRASIL), em virtude de preocupações pragmáticas de Max Russi (PSB), líder estadual da sigla.

Gosta de Lula, mas não do PT de MT

Não é inverdade, contudo, que Pátio se aproximou muito do governador, nos últimos meses, e não demonstra nenhum apreço mais evidente a uma candidatura esquerdista ao Palácio Paiaguás.


Isto se deve, dentre outras coisas, porque o prefeito de Rondonópolis foi colocado em seu lugar pelos petistas de Mato Grosso, quando tomou à frente e lançou o Comitê Pró-Lula, em Cuiabá, posicionando-se como o maior cabo eleitoral do ex-presidente no estado.


O partido de Lula, no estado comandado por Valdir Barranco (PT), não gostou do protagonismo do prefeito, que naquela ocasião sequer tinha se filiado ao PSB, e cortou as asas de Pátio, que agora está focado em dar a vitória ao presidenciável petista em sua cidade.


Números confusos

Segundo Pátio, Lula lidera em Rondonópolis, de acordo com uma pesquisa de consumo interno que ele nunca mostrou pra ninguém. A afirmação do prefeito, entretanto, é conflituosa, sobretudo se analisada em comparação com os números dos últimos pleitos.


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O próprio Pátio, reconhecidamente um político de esquerda e lulista declarado, venceu há dois anos, mas não teve a maioria dos eleitores da cidade em seu apoio.


Se somados, os votos de Cláudio Ferreira (DC), Thiago Muniz (UB) e Luizão (REPUBLICANOS) (todos de centro-direita, derrotados em 2020) indicam um eleitorado numericamente maior do que aquele que elegeu o atual prefeito, ou seja, se a oposiçaõ não tivesse se dividido ou se a cidade tivesse um segundo turno (condição para eleitorado acima de 200 mil votantes), provavelmente o político atualmente no PSB não se reelegeria.


Outro elemento que põe em questionamento a afirmação de Pátio de que Lula lidera na cidade são os números do próprio Bolsonaro. Em 2018, o atual presidente teve mais de 66 mil rondonopolitanos em seu apoio nas urnas, algo em torno de 63% dos votos válidos no primeiro turno e mais de 68% da preferência no segundo turno, contra Fernando Haddad (PT).


Segundo pesquisas registradas na Justiça Eleitoral, diferente dessa que Pátio diz possuir, Mato Grosso é um dos estados que Bolsonaro menos reduziu votação e, proporcionalmente, é onde exerce maior liderança. A vitória de Lula em Rondonópolis pode até ser possível, mas é improvável.



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Redação GNMT