Em meio a uma crise com vereadores de Rondonópolis, após aparentemente perder a ampla maioria que tinha no parlamento muito próxima de si, o prefeito Zé Carlos do Pátio (SD) caminha, em paralelo, para mudar de partido e o PSB é o mais do que provável destino.
Após perder o controle do SOLIDARIEDADE, sigla que ainda está abrigado, para o deputado federal, Dr. Leonardo Albuquerque (SD), Pátio vem se mexendo nos bastidores para novamente virar líder partidário. Entre os projetos principais para 2022, está o de lançar a esposa, Neuma de Morais, para deputada estadual.
Atento às mudanças constantes no tabuleiro, o prefeito aguarda o desfecho da minirreforma eleitoral em discussão na Câmara Federal, o que poderia ter força de abrir ainda mais espaço para as mulheres em 2022, mas, independente disso, o projeto Neuma é mais do que real.
O próprio presidente atual do PSB no estado, Max Russi, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso – ALMT, não está totalmente satisfeito com a chegada de Pátio, sobretudo porque a filiação viria por uma indicação nacional, fazendo o prefeito de Rondonópolis entrar na sigla cheio de moral.
Max não quer fazer o personagem ideológico que a direção nacional do PSB vem cobrando. O partido, que acaba de receber a filiação do deputado federal pelo Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, ex-PSOL, e Flávio Dino, governador do Maranhão, ex-PCdoB, tem rumado à extrema esquerda e, em um estado majoritariamente de direita e bolsonarista, Russi não está disposto a colocar seu pescoço à prova.
A chegada do Pátio, entretanto, não é condição certa para a saída de Max, até porque o presidente da ALMT também não quer abrir mão da base sólida que conseguiu construir no estado, sobretudo nas eleições municipais de 2020. A maneira com que serão conduzidas as chapas proporcionais de 2022, todavia, são preocupantes para o atual deputado estadual.
A expectativa para Rondonópolis, por exemplo, era para a candidatura de Marildes Ferreira (PSB), atual vereadora e mais votada da cidade para a Câmara Federal, em 2018, para o cargo de deputada estadual no ano que vem. Esse é exatamente o mesmo cargo que agora passa a ser objeto de cobiça da “Família Pátio”.
Caso emplaque a mulher na vida eletiva, Pátio entre para um seleto grupo de políticos de carreira que conseguiram transformar a vida pública em “negócio de família” no estado. Como exemplo mais famoso e recente está o atual senador, Jayme Campos (DEM), que fez da esposa, Lucimar, prefeita de Várzea Grande.
Cita-se ainda o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que usou de sua relevância para abrir caminho para o jovem filho, Emanuelzinho (PTB), tornar-se hoje deputado federal. A lista, todavia, é bem maior, e inclui Bezerra e Teté, Percival e Ana Carla, dentre outros.
Quanto à sua própria candidatura no ano que vem, o que significaria abrir mão do atual mandato de prefeito, Pátio só avalia a possibilidade caso caia um “Senado” ou um “Governo do Estado” no colo, algo de complexa projeção, neste momento.
