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Operações Estão no Forno

PC avisa que "operações estão no forno" contra gestores e empresários em MT

Diretor-geral evita detalhes, mas garante que ações só serão conhecidas no dia


A tática de alguns gestores públicos e empresários de Mato Grosso de utilizarem a pandemia de Covid-19 para cometer crimes contra a administração pública desviando dinheiro por meio de compras superfaturadas e sem licitação está sendo monitorada pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor). Nesse sentido já existem investigações complexas em andamento e que deverão resultar em operações policiais ao longo desse ano.


A revelação é do delegado-geral da Polícia Judiciária Civil, Mário Dermeval Resende, que só confirma a existência dos trabalhos investigativos, sem adentrar em quaisquer detalhes que possam comprometer os resultados. A Deccor foi criada em 2019 focada no combate a crimes de corrupção e contra a administração pública com seus integrantes voltados exclusivamente para atuar em trabalhos investigativos de delitos que envolvam desvios do erário público.


"Esse ano temos muita coisa no forno e muita coisa boa por acontecer e que fique claro que enquanto os gestores públicos forem homens corretos, que as gestões forem cristalinas e pautadas única e exclusivamente em atender o interesse público, e não haja nenhum tipo de corrupção não há porque a Deccor agir em relação a essas administrações. Porém, já existem diversas investigações que já acabaram detectando irregularidades e essas investigações com certeza no decorrer de 2021 apresentarão seus resultados", afirmou Dermeval durante entrevista à Rádio CBN Cuiabá nesta segunda-feira (19).


De todo modo, o delegado-geral ponderou que ele e todos os demais integrantes da Deccor são cautelosos ao comentarem sobre qualquer assunto que envolva a atuação da unidade especializada. Essa cautela é necessária para evitar o que costuma ser chamado de pirotecnia, situação na qual as defesas de investigados depois contestam e desqualificam os trabalhos alegando falta de provas e excesso de exposição dos investigados na mídia.


“A gente tem muita cautela. Uma das nossas bandeiras é se evitar pirotecnias que no final podem culminar em injustiças ou resultados que na frente não se confirme, porém, nesse período de pandemia, é um período surreal, uma situação que nunca se viu. No desespero das pessoas em se ter a vacina, se ter os medicamentos e atendimento pronto, porque estamos tratando de vidas que está se esvaindo em grande quantidade, a gente tem observado que existem gestões públicas sendo oportunistas e se aproveitando desse  momento”, revelou o delegado.


Embora o delegado-geral não adentre em detalhes, esse oportunismo citado por ele engloba uma série de situações que podem envolver valores de produtos e insumos aos preços abusivos, bem acima do valor de mercado, somente por causa do aumento na procura. Pode ser também desvios de recursos públicos se valendo de compras em regime de urgência, sem os devidos trâmites burocráticos das licitações.


De acordo com Mário Dermeval, esse oportunismo tem sido observado pela Deccor, não somente na área pública, mas também na área privada se utilizando do setor público para levar vantagens.


“A Delegacia de Combate à Corrupção está muito atenta a isso tudo e tem trabalhado fortemente nesse sentido. Ocorre que o resultado das investigações desse tipo de delegacia você só fica sabendo no dia da operação. Eu não posso falar nada além disso, mas  os resultados estão fluindo muito bem”, revelou.


De acordo com o delegado-geral da PJC, setores como a inteligência, laboratório de lavagem de dinheiro e a própria Delegacia de Combate à Corrupção receberão investimentos de R$ 5 milhões ao longo desse ano. “Isso tudo certamente trará muito mais capacidade investigativa, principalmente na área tecnológica que é uma necessidade premente hoje", comemorou o delegado.


Um ouvinte da CBN quis saber a opinião do delegado, se quem comete atos de corrupção é pior que bandidos comuns. Ele, de um certo modo, deixou claro que é uma conduta reprovável e por isso a Deccor será implacável nos casos em que forem confirmados desvios de recursos públicos.


“Principalmente em época de pandemia não tem como a gente comparar, mas que é uma covardia muito grande e merece a mão pesadíssima do Estado caso haja a detecção desse tipo de delito”, disse ele.Outro ponto avaliado positivamente por Dermeval é a autonomia e investimentos que a Polícia Civil vem recebendo desde 2019, permitindo o avanço em investigações complexas.


“A Polícia Civil tem buscado de uma maneira autônoma e como há muito não se via, trabalhar de maneira totalmente independente sem qualquer tipo de interferência e hoje a Deccor está prestes a se tornar uma grande unidade jovem ainda, com as investigações que estão por vir”, comemorou.


PIROTECNIA NÃO TEM ESPAÇO


Em janeiro deste ano o governador Mauro Mendes (DEM) reclamou  “engavetamento de investigações e pirotecnia” ao comentar sobre ações realizadas pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) contra o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).


A declaração gerou insatisfação dentro da Polícia Civil por parte de alguns membros, mas o delegado-geral concorda com o chefe do Palácio Paiaguás.


“O governador tinha razão. Na realidade, ele tem que cobrar mesmo e a instituição fica muito satisfeita por conta das cobranças. Justamente visando se evitar a pirotecnia que é o tiro no pé,  a investigação que no final não dá em nada, no jargão popular, é que temos procurado trabalhar de maneira muito delicada, muito completa, fazendo investigações complexas de maneira absoluta, total para que o resultado específico ao final seja um resultado seguro, garantido pra que nós não façamos a exposição desnecessária de pessoas e de situações vinculadas a crimes que logo a frente não se confirme”, justificou.





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Redação GNMT