O comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, saiu em defesa da corporação nesta segunda-feira (1º) após o Ministério Público Estadual (MPMT) apresentar denúncia contra 68 policiais militares por assassinatos supostamente cometidos nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande.
“Frise-se, quem morre num confronto policial, em regra, atentou contra a vida de alguém que representa o Estado e defende nessa ação a vida. Logo, se há quem, quando sofre um atentado, que venha representar atentado à própria sociedade, este é o policial”, defendeu Mendes.
"Digo a tropa da PMMT de forma direta: vocês têm a minha confiança e a confiança da sociedade mato-grossense, que não se deixa levar por jargões enviesados e sabe perfeitamente separar a realidade da ideologia. Que sabe que as facções não têm por costume nos receber com flores. À você policial militar que me lê, saiba que não é a palavra de profetas do medo que irá transformar a verdade em mentira. A mentira que a polícia mata. A verdade que a polícia defende e promove a vida.", acrescentou.
Ao todo, o MP denunciou 68 militares e um segurança particular. Nas denúncias, os promotores de Justiça destacam que chama a atenção a escalada da letalidade nas intervenções policiais militares na região metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande.
Os promotores ainda disseram que os inquéritos instaurados na Justiça Militar acabaram colocando obstáculos à efetiva apuração dos desvios de conduta apurados.
No texto, compartilhado pelo WhatsApp, o comandante da Polícia Militar recorda a ocorrência que terminou com a morte de cinco criminosos que entraram em confronto com a Força Tática em Sorriso na noite do último sábado (29).
“Seria essa ocorrência mais cinco mortes somadas na conta da ‘letalidade policial’? Seriam os policiais que participaram do confronto, doravante suspeitos de execução, considerando-se o resultado morte?”, questionou o coronel.
Alexandre Mendes ainda destacou que, naquele caso, dois dos criminosos mortos eram menores de idade e um tinha acabado de completar a maioridade. Os outros dois mortos tinham 21 anos que, nas palavras do comandante, optaram “pelo crime como forma de ganhar a vida”.
"Quem, senão o policial, pode frear o poder que essas facções querem impor mediante a violência?", questiona.
O comandante-geral ainda afirmou que o policial não tem o dever de dispor da vida para o criminoso e que os confrontos, geralmente, são contra criminosos armados “até os dentes”.
“Recomendo conhecer a verdadeira realidade, não aquela dentro dos gabinetes refrigerados, mas a nossa, do meu irmão de farda que está na ponta, que em frações de segundo precisa agir dentro dos princípios legais, protegendo a própria vida, de terceiros inocentes e a do agressor ativo. Em frações de segundo, com batimentos cardíacos altíssimos, alterações do sistema nervoso central, e claro, muitas vezes com o suor entre os olhos”, diz o texto.
Por fim, o comandante-geral convida “aqueles que ainda duvidam” das ações da PM a participarem de exercícios simulados ou em alguma ação para compreender as técnicas usadas no enfrentamento às facções criminosas.