Assaltantes de banco sitiam centro de Criciúma, fazem reféns e queimam veículos

















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Ação durou aproximadamente uma hora e 40 minutos na madrugada desta terça-feira
01/12/2020 - 03h46 - Atualizada em: 01/12/2020 - 12h01


Funcionários da sinalização de trânsito foram feitos reféns e usados como escudo humano

Funcionários da sinalização de trânsito foram feitos reféns e usados como escudo humano
(Foto: )







Vídeo de morador de Criciúma flagra troca de tiros em assalto nesta madrugada



A ação durou cerca de uma hora e 40 minutos. Um policial militar e um vigilante ficaram feridos. O soldado Jeferson Luiz Esmeraldino, 32 anos, foi atingido no abdômen durante uma troca de tiros com os bandidos. Ele foi levado ao Hospital da Unimed e, posteriormente, transferido ao hospital São José. Segundo a Polícia Militar, o quadro dele é grave e já exigiu a realização de três cirurgias até o início da tarde.

Nesta manhã, o esquadrão antibombas desarmou supostos explosivos amarrados em postes perto da agência.

No mínimo 30 pessoas fortemente armadas e com capacetes e coletes participaram da ação. Foi identificado o uso de fuzis e armas de uso restrito. Uma delas seria capaz de perfurar superfícies blindadas, segundo o delegado Anselmo Cruz, da Polícia Civil de SC.

Por volta das 2h30min, cenário era de cápsulas de fuzil caídas no chão, dinheiro espalhado e moradores recolhendo cédulas. 

— Foram três ou quatro agências atacadas, quebraram vidros, saquearam lojas, colocaram a cidade em pânico. Em poucos minutos a cidade toda acordou — descreveu o prefeito Clésio Salvaro, em entrevista à Rádio Gaúcha.

O repórter da CBN Diário, Janniter De Cordes, está em Criciúma e falou sobre os desdobramentos do caso na manhã desta terça: 



Os primeiros relatos de tiros no centro da cidade aconteceram por volta da meia-noite. Imagens em redes sociais mostraram reféns usados como scudos em dois locais. Segundo o prefeito, eram funcionários do município que pintavam faixas de trânsito. Nenhum foi ferido.
Explosivos foram deixados junto a postes durante a madrugada e foram periciados e desarmados até o início da manhã em Criciúma

Explosivos foram deixados junto a postes durante a madrugada e foram periciados e desarmados até o início da manhã em Criciúma
(Foto: )

Os suspeitos abandonaram pelo menos um malote de dinheiro com cerca de R$ 300 mil. Eles teriam fugido em vários carros em direção ao Sul do Estado. Por volta das 2h30min, peritos chegaram às ruas para analisar supostos materiais explosivos deixados pelos assaltantes.

Quatro pessoas foram levadas para a delegacia por estarem tentando furtar dinheiro espalhado na rua. Elas não teriam participação no ataque. Com elas foram localizados R$ 810 mil, segundo a Polícia Militar.

Dez carros usados na fuga são encontrados em Nova Veneza

Carros usados na fuga foram abandonados em milharal de Nova Veneza, próximo a Criciúma
Carros usados na fuga foram abandonados em milharal de Nova Veneza, próximo a Criciúma
(Foto: )

Os policiais encontraram 10 carros utilizados pelos bandidos na fuga. Os veículos estavam em um milharal próximo a um rio em uma região chamada de Picadão, em Nova Veneza, a 18 quilômetros de Criciúma.

Os automóveis de luxo tinham placas de São Paulo no interior dos veículos e foram levados a uma delegacia. Eles devem passar por perícia para que seja apontada a procedência deles.

A partir deste ponto, a suspeita é de que os bandidos tenham utilizado outros veículos para continuarem a fuga.

Buscas aos criminosos continua na região de Criciúma
Buscas aos criminosos continua na região de Criciúma
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A prefeitura de Criciúma precisou pedir reforço a batalhões de municípios vizinhos e também para cidades do Rio Grande do Sul. Os agentes fazem buscas e bloqueios pela região.

Policiais e investigadores fazem buscas, mas até as 12h o paradeiro dos assaltantes era desconhecido.

Bandidos atearam fogo em caminhão na BR-101 e em frente a batalhão da polícia para impedir acesso de reforços policiais
Bandidos atearam fogo em caminhão na BR-101 e em frente a batalhão da polícia para impedir acesso de reforços policiais
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Quantia levada ainda é desconhecida

Em entrevista à Globonews, o delegado Vitor Bianco Junior disse que a suspeita inicial é de que os bandidos já estivessem na região há bastante tempo para analisar rotas de fuga e as ações a serem feitas durante o assalto.

A quantidade de dinheiro roubada pelos assaltantes ainda não foi informada. A escolha da agência do Banco do Brasil teria se dado porque a unidade havia sido abastecida com dinheiro recentemente, de acordo com o delegado. Segundo ele, há vídeos que mostram o uso da caçamba de uma caminhonete para levar o dinheiro.

- Há informações de que o banco havia sido abastecido por ser início de mês, e ali seria o ponto de distribuição para outras unidades bancárias. Por isso o Banco do Brasil seria o foco. Quanto aos valores, esses não foram divulgados, não temos conhecimento. Acreditamos, sim, que foi uma grande quantia em dinheiro porque segundo alguns vídeos que estão sendo divulgados na mídia, eles teriam levado uma caçamba de dinheiro, (caçamba) de uma caminhonete. Não temos como precisar ainda, mas teria sido um valor expressivo - afirmou.

Equipes da Polícia Civil fazem buscas e investigam o caso desde as primeiras horas desta terça-feira
Equipes da Polícia Civil fazem buscas e investigam o caso desde as primeiras horas desta terça-feira
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Moradores relatam medo durante ação de bandidos

Vagner ouviu toda a movimentação desde os primeiros disparos no assalto em Criciúma
Vagner ouviu toda a movimentação desde os primeiros disparos no assalto em Criciúma
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O pintor automotivo Vágner Freitas mora próximo ao local da ocorrência, no centro de Criciúma, e ouviu toda a movimentação, desde os primeiros disparos até o silêncio registrado depois que os bandidos foram embora.

— Para nós criciumenses é um fato histórico, nunca aconteceu isso nessa proporção. Já teve assalto a banco, mas desse tipo deixa a gente bem inseguro. 

Como a casa dele está localizada muito próxima ao local do assalto, o morador da cidade do Sul do Estado ficou em choque e contou que estava com medo de os criminosos invadirem a residência para usar como esconderijo.


Gilson Diogo mora há 28 anos em Criciúma e disse que madrugada foi 'aterrorizante'
Gilson Diogo mora há 28 anos em Criciúma e disse que madrugada foi 'aterrorizante'
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O aposentado Gilson Diogo mora há 28 anos no município e diz que nunca tinha visto uma situação parecida. Ele e a família ficaram aterrorizados com a situação.

— Foi assustador. Faz 28 anos que eu moro aqui na região e nunca ouvi uma coisa dessa. Foi assustador mesmo. Duas horas sem parar e uma correria pra lá e prá cá que não parava. Nós apagamos as luzes, ficamos quietinhos, tudo em silêncio, tudo com medo. Foi bem assustador, muito aterrorizante.

Os dois moradores acreditam que essa noite vai ficar marcada na história da cidade e pode mudar alguns hábitos dos criciumenses.

— A gente fica meio apreensivo. Uma situação dessa pode acontecer de novo, nunca se sabe, temos que ficar em alerta. Já pensou a gente estar aqui uma hora dessa, sem saber de nada. [O assalto] deixou a cidade impactada. — desabafa Gilson Diogo. 

Agência fica fechada nesta terça-feira

O Banco do Brasil emitiu nota informando que aguarda a conclusão dos trabalhos de varredura da polícia técnica e a liberação do acesso ao local para que uma equipe de engenharia avalie eventuais danos à estrutura do prédio. Somente após isso devem iniciar os serviços de limpeza.

O banco diz que colabora com as investigações, mas que não informa valores subtraídos durante ataques a agências. "O Banco do Brasil atua para normalização do atendimento no menor prazo possível, mas não há previsão para a reabertura da unidade", informou. Não houve feridos entre os funcionários do banco.


Investigação destaca armamentos utilizados

Em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV, o delegado-geral da Polícia Civil de SC e chefe do colegiado de segurança de Santa Catarina, Paulo Koerich, disse que o Estado vinha em uma queda de 54% nos casos de assaltos a instituições financeiras, mas que a ação dos bandidos em Criciúma chamou a atenção pela estrutura mobilizada. 

Koerich chegou a citar o assalto no Aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, registrado em março de 2019, mas afirmou ser cedo para traçar relação entre os crimes.

— É muito prematuro traçar qualquer paralelo entre aquele fato ocorrido em Blumenau e este em Criciúma. O que podemos afirmar neste momento é que chama a atenção o poderio bélico e a técnica empregada. São pessoas que tiveram acesso a outras informações de manuseio de armamento, de progressão em terreno, para que o crime pudesse ser perpetrado — afirmou. 

fonte NSC Criciúma\SC

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