Antonio Galvan é um dos investigados em inquérito do STF sobre atos violentos e ameaçadores contra a democracia.
O produtor rural Antonio Galvan foi à Polícia Federal de Sinop, Mato Grosso, nesta segunda-feira (23), sem ser intimado. Galvan foi alvo, na sexta-feira (20), de mandado de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Mato Grosso.
Ele chegou na delegacia sem falar com a imprensa e não usava máscara. Ele não estava intimado a depor e informou à instituição que vai se apresentar ao órgão federal em Brasília.
Galvan gravou um vídeo afirmando que os policiais federais não encontraram nada de ilícito em sua casa.
"A Polícia Federal esteve na minha casa, em Sinop, e os policiais foram muito gentis. Nada encontraram, nada levaram".
Segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, Galvan e outros investigados têm convocado a população a praticar "atos criminosos e violentos de protesto". O despacho diz ainda que, em 13 de agosto deste ano, a Aprosoja sediou um encontro em que Sérgio Reis faz cobranças em 'tom de ameaça' aos ministros do STF.
Além disso, segue o documento, Galvan possivelmente patrocinaria uma paralisação planejada por Zé Trovão, outro dos investigados no inquérito.
Galvan é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), cargo que ocupou até dezembro de 2020.
Os policiais cumpriram o mandado de busca em Sinop, no norte de Mato Grosso. Eles buscavam equipamentos eletrônicos e outros materiais que pudessem ajudar na investigação.
A associação negou que incentiva atos violentos, invasão ao STF ou que patrocina protestos. (Veja a nota na íntegra logo abaixo).
Ao todo, 13 mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes e atendem a um pedido da subprocuradora Lindora Araújo, da Procuradoria-Geral da República (PGR). Houve buscas em propriedades do cantor Sérgio Reis e no gabinete de Otoni na Câmara (veja abaixo).
Após o vazamento de um áudio em que Sérgio Reis defende a paralisação de caminhoneiros para pressionar o Senado a afastar ministros do STF, subprocuradores-gerais pediram à Procuradoria da República, no Distrito Federal, a abertura de investigação a respeito do caso.
Na decisão, Moraes cita que Sérgio Reis foi gravado em um vídeo discursando ao lado dos outros alvos da ação da PF, sendo um deles o presidente da Aprosoja Brasil, além de 23 empresários do agronegócio.
A reunião ocorreu no dia 13 de agosto na sede da Aprosoja Brasil, em Brasília (DF).
Nota divulgada um dia antes da ação policial
Com o objetivo de levar esclarecimento à sociedade a respeito de notícias publicadas em veículos de circulação nacional sobre manifestações marcadas para o dia 7 de setembro de 2021, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) declara que:
• não financia e tampouco incentiva a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) ou quaisquer atos de violência contra autoridades, pessoas, órgãos públicos ou privados em qualquer cidade do País.
• sempre defendeu de forma peremptória o Estado Democrático de Direito e o equilíbrio entre os Poderes da República e continuará a ter a mesma postura republicana em defesa do pleno funcionamento das instituições e o respeito aos representantes das esferas de poder no País. É missão da entidade, inclusive, cooperar com os órgãos oficiais.
• há mais de 30 anos representando de forma legítima 240 mil sojicultores e suas famílias, a entidade não concorda e não apoia manifestações que preguem trancamento de rodovias, ações desordeiras e outras quaisquer que prejudiquem o abastecimento de alimentos, medicamentos e bens essenciais à população, bem como seu direito de ir e vir.
• historicamente, a Aprosoja Brasil somente apoiou movimentos pacíficos e em conformidade com a Carta Constitucional brasileira.
• todos os recursos da Aprosoja Brasil são destinados e utilizados exclusivamente em atividades que tenham pertinência com seus objetivos estatutários, visando sempre a defesa dos interesses dos produtores de soja. As contas da entidade são integralmente auditadas para que o mais alto nível de ética e compliance seja alcançado.
Portanto, a associação não possui qualquer ligação com atos que defendam “invadir” ou “quebrar” o STF, não responde institucionalmente pela organização de nenhum movimento e repudia qualquer publicação que vincule a associação a movimentos violentos ou ilegais.
Ação
“O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”, afirmou a PF, em nota.
A GloboNews apurou que há indícios de ameaças a ministros do STF, a senadores e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Os alvos são:
Sérgio Bavini (Sérgio Reis, no nome artístico);
Otoni Moura de Paulo Júnior, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ);
Alexandre Urbano Raitz Petersen;
Antônio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil);
Bruno Henrique Semczeszm;
Eduardo Oliveira Araújo;
Juliano da Silva Martins;
Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé? Trovão;
Turíbio Torres;
Wellington Macedo de Souza.
Moraes determinou que todos os investigados, à exceção de Otoni, não podem se aproximar da Praça dos Três Poderes.
Nesta manhã, "Zé Trovão" publicou um vídeo nas redes sociais em que mostrou o mandado de busca, a intimação para prestar esclarecimentos na PF e comentou sobre o cumprimento do mandado.