Trump e Lula (Ricardo Stuckert/PR)
Trump e Lula (Ricardo Stuckert/PR)

Lula e Donald Trump retomam diálogo em encontro na Malásia e prometem acordo rápido sobre tarifas

Reunião durou quase uma hora e foi classificada como “ótima” pelos dois lados; Brasil busca suspensão das tarifas impostas pelos Estados Unidos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente norte-americano Donald Trump se encontraram neste domingo, na Malásia, à margem da Cúpula da Ásia. Foi o primeiro diálogo direto entre os dois líderes desde que assumiram os respectivos mandatos — e quatro meses após o chamado “tarifaço” anunciado pelos Estados Unidos, que atingiu produtos brasileiros.


Segundo o Itamaraty, a conversa durou quase uma hora e foi considerada “muito boa”. Trump afirmou que pretende chegar rapidamente a um acordo, enquanto Lula demonstrou otimismo e defendeu a retomada de uma relação comercial “extraordinária” entre os dois países.


“O Brasil tem todo o interesse em manter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há razão para desavenças”, afirmou Lula durante o encontro.


Trump, por sua vez, destacou o respeito ao Brasil e elogiou a liderança de Lula:


“É uma grande honra estar aqui com o presidente do Brasil. É um país grande, lindo e acredito que vamos fazer bons acordos.”



Negociações e próximos passos


Após o encontro, os dois presidentes determinaram que ministros e secretários iniciem ainda nesta semana as negociações para suspender as tarifas. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que o clima foi “muito positivo” e que não houve imposição de condições por parte de Washington.


O Brasil busca a suspensão das medidas tarifárias — e sinalizou abrir discussões sobre o acesso a minerais estratégicos e à redução de impostos sobre commodities, desde que o chamado “tarifaço” seja encerrado.


Além das tarifas, Lula também pediu o fim de sanções aplicadas a autoridades brasileiras, entre elas ministros do Supremo Tribunal Federal. O tema do ex-presidente Jair Bolsonaro foi mencionado brevemente, segundo diplomatas, apenas quando o assunto das sanções foi citado.



Repercussão política


O encontro provocou ampla repercussão no Brasil. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou o episódio e destacou um elogio feito por Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro, seu pai. Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que “a crise Brasil-Estados Unidos tramada por falsos patriotas foi desarmada”.


O presidente do PT, Edinho Silva, celebrou o diálogo como sinal de maturidade diplomática, e o presidente da Câmara, Hugo Mota (Republicanos), destacou que “o diálogo e a diplomacia voltam a ocupar o centro das relações entre os dois países”.



Repercussão internacional


Veículos estrangeiros também destacaram o caráter estratégico da reunião.

O New York Times descreveu o encontro como “tenso, porém construtivo”, enquanto a ABC News avaliou que o gesto representa “mudança de postura dos EUA — das sanções à negociação”. Já a agência Reuters interpretou o diálogo como sinal de que Brasil e Estados Unidos devem iniciar de imediato tratativas bilaterais.


Nos bastidores, analistas observam que Trump busca reequilibrar as relações comerciais em meio à disputa tarifária com a China. O líder americano deve se reunir nesta semana com o presidente chinês Xi Jinping, na Coreia do Sul.



Perspectiva


Com o avanço das conversas, diplomatas brasileiros esperam um acordo inicial nas próximas semanas, incluindo revisões setoriais das tarifas e compromissos de cooperação econômica.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota afirmando que o encontro foi “um avanço concreto para encontrar soluções equilibradas” e manifestou apoio à retomada da relação comercial “sem tarifas abusivas”.

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Redação GNMT