O presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou um possível encontro como ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faltou ao cortejo cívico pela Independência da Bahia e se uniu a apoiadores em uma motociata pelas ruas de Salvador neste sábado (2).
A presença de quatro presidenciáveis na capital baiana -Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) também participam do cortejo cívico pelas ruas do Centro Antigo de Salvador- são o primeiro grande teste da campanha presidencial, com militantes nas ruas e preocupação adicional com a segurança.
Bolsonaro chegou por volta de 9h30 ao Farol da Barra, ponto de concentração da motociata, e discursou em cima de um trio elétrico ao lado do pré-candidato a governador da Bahia, João Roma (PL), e da pré-candidata ao Senado, Raíssa Soares (PL).
No discurso, o presidente criticou os governadores dos nove estados do Nordeste e prometeu que o Brasil terá um dos combustíveis mais baratos do mundo.
"Lamento que os nove governadores do Nordeste tenham entrado na Justiça contra a redução de impostos da gasolina. Isso é inadmissível. [...] Vamos acreditar que a Justiça não dará ganho de causa a essas pessoas e teremos um dos combustíveis mais baratos do mundo", disse.
O presidente ainda citou a data da Independência da Bahia e fez uma defesa da liberdade em uma referência às eleições.
"O que está em jogo neste ano é o bem-estar e a liberdade de cada um de nós. Tenho certeza que, se preciso, tudo faremos para que a nossa Constituição, nossa democracia, e nossa liberdade venham a ser preservadas."
No ato bolsonarista, as pessoas usavam as cores verde e amarelo. Ambulantes vendiam bandeiras do Brasil e camisetas do presidente. Adesivos de Bolsonaro com João Roma também estavam sendo distribuídos.
Um apoiador do presidente levou para o Farol da Barra uma placa com o nome "rua Soldado Wesley", em referência ao policial militar Wesley Soares, morto em março deste ano no Farol da Barra, mesma região dos atos realizados nesta terça-feira.
Na ocasião, o soldado passou quatro horas dando tiros para o alto, gritando palavras de ordem, e foi baleado após atirar com um fuzil contra policiais que negociavam sua rendição. Desde então, ele tem sido tratado como uma espécie de mártir por grupos bolsonaristas.
Na concentração da motociata, nos arredores do Farol da Barra, um homem estendeu uma toalha com a imagem do ex-presidente Lula da janela de um prédio. Foi xingado e vaiado por bolsonaristas.
O ponto de partida da motociata acabou sendo alterado na última semana para evitar possíveis conflitos entre bolsonaristas e petistas.
O ato estava previsto inicialmente para sair às 9h das imediações da Arena Fonte Nova. Mas a concentração foi mudada para o Farol da Barra após uma coincidência de data e local com o evento do ex-presidente Lula, que vai acontecer às 10h30 dentro do estádio.
A motociata percorre um trajeto de 37 km até o Parque dos Ventos, no bairro da Boca do Rio, passando pela avenida Paralela. Carros devem se uniram ao trajeto na altura do bairro de Ondina.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), disse esperar que a legislação de trânsito seja cumprida na motociata "para evitar qualquer tipo de aplicação de multa". Bolsonaro costuma não usar capacete em seus desfiles de moto, infração gravíssima, passível de multa e da suspensão do direito de dirigir.
Data cívica máxima da Bahia, o 2 de Julho celebra a expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823, quase dez meses depois da Independência do Brasil.
Diferentemente da maioria dos estados, onde a Independência aconteceu sem luta armada, na Bahia ela foi precedida por batalhas entre tropas aliadas a Portugal e tropas formadas por brasileiros.
A data é celebrada todos os anos em um cortejo no qual participam bandas de fanfarra, de percussão e grupos folclóricos, com a celebração das figuras do caboclo e da cabocla, que representam o surgimento da nação e lembram a miscigenação brasileira.