Wilson sobrevoa área quimicamente desmatada no Pantanal: “um verdadeiro cemitério de árvores”

O proprietário usou herbicida para desmatar 80 mil ha em Barão de Melgaço


Robson Fraga


O deputado estadual Wilson Santos (PSD) sobrevoou 80 mil hectares de área degradada no Pantanal mato-grossense na última quarta-feira (24). As terras ficam no município de Barão de Melgaço (109,5 km de Cuiabá) e pertencem ao pecuarista Claudecy Oliveira Lemes. Ele teria usado compostos químicos proibidos para abrir áreas para pastagem.


“É um verdadeiro cemitério de árvores, um crime hediondo. Provavelmente, o maior crime ambiental das últimas décadas no país. Conversamos com um dos capatazes, de uma das fazendas: foram anos e anos jogando herbicida”, descreveu o deputado.


De acordo com a Delegacia Especializada do Meio Ambiente (DEMA), Claudecy é dono de 11 fazendas em Barão de Melgaço, que correspondem a 5% de toda área alagada do Pantanal mato-grossense. O pecuarista teria começado o desmate químico dos 80 mil hectares em fevereiro de 2021 e seguido com o crime ambiental até 2023, quando denúncia anônima chegou à DEMA.


Vale ressaltar que em 2022, Claudecy havia celebrado Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para anular sete autos de infração por crimes contra o meio ambiente, o que o livrou do pagamento de R$ 29,4 milhões em multas. Mesmo assim, continuou a cometer tais crimes.


O deputado estadual Carlos Avallone (PSD), presidente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais da Assembleia Legislativa, da qual Wilson é vice, também participou do sobrevoo, considerado visita técnica à região. A comissão vai cobrar do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA) mais detalhes sobre a contaminação.


“Queremos saber se houve contaminação do gado, do lençol freático, dos rios da região. A Fazenda Santa Lúcia está bem próxima do São Lourenço, seis a oito quilômetros. Também está próxima dos rios Cuiabá, Piquiri e Três Irmãos. [...] Este fazendeiro é audacioso e reincidente nesse tipo de crime. Não sabemos quantos anos toda esta área levará para ser recuperada”, disse Wilson.


“A SEMA precisa se modernizar e garantir equipamentos que possam detectar este tipo de ação criminosa antes que a porta seja arrombada. Também de preparar seu pessoal para se antecipar à repetição desse tipo de crime”, completou.


Wilson cobrou do Governo do Estado o cumprimento da lei 6.015/1992, de sua autoria, que veda a circulação de produto ou substância cujo consumo ou fabricação tenha sido proibido no país de origem.


“Se essa lei fosse cumprida, não teríamos o uso desse tipo de herbicida aqui no estado. Ela proíbe o uso e a manipulação deste tipo de agrotóxico proibido nos países de origem. Infelizmente, a lei não é cumprida e mais este crime aconteceu”. 


Carlos Avallone também cobrou mais fiscalização por parte do Estado e disse que a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) fará pesquisas para colaborar no combate deste tipo de prática.


“Imagens de satélites não conseguem detectar a aplicação de veneno, mas dá para pedir que isso ocorra. [...] Tem que melhorar a fiscalização para que um crime como esse não ocorra nunca mais”.

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