Dois analistas trouxeram suas perspectivas para este ano e, ao que parece, o ano de 2021 deve continuar desafiador para o setor
O preço do boi gordo no indicador Cepea fechou dezembro de 2020 com valorização de quase 30% se comparado ao mesmo mês de 2019. A arroba que era negociada a R$ 206,95 em 2019, passou a ser negociada a uma média de R$ 267,15 em dezembro de 2020. Analistas apontam as tendências para o setor.
“O mercado se deparou com uma demanda bastante aquecida, destinada ao mercado chinês. Aliado a isso, temos um quadro de restrição de oferta. Claro que o cenário não foi tão positivo para os frigoríficos que dependiam apenas do mercado doméstico, já que a margem operacional foi bastante deteriorada, o que levou a um movimento de tentativa de baixar os preços do boi gordo, a partir da segunda quinzena de novembro”, diz o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias.
Segundo ele, para 2021 a oferta de boi gordo seguirá bastante restrita, seguindo os passos de 2020.
“Para 2021, a perspectiva é de uma oferta ainda bastante restrita no primeiro trimestre, ainda impacto da seca prolongada do segundo semestre de 2020, que afetou a qualidade das pastagens e retardou o desenvolvimento dos animais, que só estarão aptos ao abate no final do segundo trimestre do ano”, diz.
O analista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, fez uma análise parecida, mostrando que a tendência para 2021 deve ser esta.
“Para 2021, o cenário ainda deve ser semelhante ao que observamos em 2020. A retenção de fêmeas deve ficar parecida com a do ano passado, ou seja, não teremos um número significativo desses animais vindo para o abate”, afirma.
Segundo Fabbri, a atenção neste ano deve ficar restrita ao mercado chinês e à retomada do rebanho suíno por lá. “Isso pode diminuir um pouco as exportações, se comparado a 2020. A relação China e Estados Unidos também pode influenciar as exportações, assim como o dólar e a safra brasileira de grãos”, conta Fabbri.