O deputado federal Carlos Bezerra (MDB) criticou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que cassou seu mandato por arrecadação e gastos ilícitos de recursos, por meio de um “gabinete paralelo”, na campanha de 2018.
Bezerra disse não haver "provas" de que cometeu crime eleitoral e afirmou estar tranquilo de que conseguirá reveter a decisão.
"Não há nenhum vírgula de prova contra mim. Sou ficha limpa e vou terminar minha vida pública como ficha limpa", disse em conversa.
"Nós vamos recorrer e eu tenho certeza que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] não vai macumunar com o que aconteceu aqui", acrescentou.
O Bezerra ainda disse que a ação se trata de uma “perseguição política”, sem explicar, porém, quem estaria o perseguindo.
Não há nenhum vírgula de prova contra mim. Sou ficha limpa e vou terminar minha vida pública como ficha limpa
"Não é a primeira vez que sou perseguido. Sou perseguido desde que era líder estudantil, na juventude. Defender os humildes, mais pobres, sempre é difícil nesse país. E aqui em Mato Grosso mais ainda. A ditadura me perseguiu muito. Inclusive, cheguei a ser preso político”, afirmou.
“Mas eu venci todas, e essa eu também vou vencer. Não há nenhuma vírgula de prova contra mim. Sou ficha limpa e vou terminar minha vida pública como ficha limpa”, completou.
Pré-campanha
Presidente Regional do MSB, Bezerra é pré-candidato a deputado federal pela sigla. Ele garantiu que a determinação da Justiça eleitoral não deve atrapalhar a disputa de outubro deste ano.
Segundo ele, há um parte dos aliados que tem demonstrado solidariedade e indignação com a determinação dos magistrados.
“Isso está me ajudando na pré-campanha. Eu estou recebendo solidariedade do Estado inteiro. Todos indignados. Gente que não votava, vai passar a votar. O feitiço virou contra o feiticeiro”, completou.
A cassação
Os membros do TRE acompanharam, por unanimidade, o voto do relator, juiz-membro Gilberto Bussiki.
De acordo com o Ministério Público Eleitoral, Bezerra, valendo-se de sua condição de presidente estadual do MDB, montou um “gabinete paralelo” de campanha vinculada ao partido.
Conforme o MP Eleitoral, esse “gabinete paralelo” adquiriu materiais de publicidade, combustível, contratou pessoal, alugou e manteve veículos em favor do então candidato a deputado federal, sem prestar contas à Justiça Eleitoral.
Durante o julgamento, o procurador Erich Raphael Masson afirmou que os ilícitos provocaram notório desequilíbrio no pleito em favor da candidatura de Bezerra.
Ressaltou que somente com e materiais gráficos foram omitidos R$ 92,7 mil. Já com combustível, conforme o procurador foi omitido R$ 91 mil.
Em valor nominal – aproximado - a quantia omitida e/ou empregada irregularmente, segundo o MP Eleitoral, foi de R$ 280.526,46, o que representa, em termos percentuais, 14,88% do total de recursos manejados na campanha de Bezerra, de R$ 1,8 milhão.