Ao menos duas pessoas de Mato Grosso, presas no dia 8 de janeiro por conta das manifestações antidemocráticas e que vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, declararam que suas viagens foram custeadas e incentivadas pela igreja evangélica. Moradores de Tabaporã (670 km de Cuiabá) disseram à Polícia Federal que foram ao Distrito Federal em uma ‘excursão da Igreja Presbiteriana Renovada’.
O pastor e representante da Igreja, Herleans de Oliveira Martins, por meio de postagem, no seu perfil pessoal no Instagram, para os membros da igreja continuar a orar e acreditar no ‘milagre da virada’. Além disso, emendou que os devotos deveriam se esforçar e serem corajosos e sugeriu ‘joelho no chão povo de Deus’. Na imagem postada há os dizeres: A Igreja não tem partido, mas tem princípios que precisam ser defendidos’ e ao lado o lema bolsonarista ‘Deus, Pátria e Família’.
Em outra postagem, datada do dia 29 de setembro, o pastor disse que a Igreja estava orando pelo presidente Jair Bolsonaro e exibe o vídeo, no qual constaria, que mais de 1.200 pastores do Brasil abençoam o presidente Bolsonaro.
Os depoimentos foram dados durante as entrevistas que a PF fez após as prisões em flagrante e reveladas pelo site de notícias UOL que obteve acesso aos documentos de caráter sigiloso. A documentação está sendo analisada pela PF para o aprofundamento das investigações sobre os financiadores e organizadores dos atos antidemocráticos.
Como havia uma grande quantidade de pessoas a serem ouvidas, os termos de depoimentos são curtos e pouco se aprofundam sobre os temas, mas são usados como ponto de partida para as apurações. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi quem determinou as prisões dos participantes do acampamento no quartelgeneral do Exército, logo após os atos do 8 de janeiro.
Nos depoimentos os mato-grossenses, Sirlei Siqueira afirmou à PF que viajou em uma ‘excursão da Igreja Presbiteriana Renovada’, mas não deu detalhes sobre o financiador. Também morador de Tabaporã, Jamil Vanderlino afirmou ter viajado em um ‘ônibus financiado por igreja evangélica’.
Questionado sobre os detalhes, ele se recusou a responder às perguntas da Polícia Federal. ‘Fará uso de seu direito de permanecer calado’, registra o documento.