Atropelamentos de primatas revelam falhas na proteção ambiental da MT-471, a conhecida “Rodovia do Peixe”

Mesmo amplamente divulgada em campanhas promocionais como um espaço de contato com a natureza, qualidade de vida e turismo sustentável, a MT-471 — popularmente chamada de Rodovia do Peixe — mostra uma realidade bem menos positiva quando o assunto é preservação da fauna. A via, que corta áreas de grande importância ecológica, não recebeu adaptações básicas para garantir a segurança de animais silvestres, resultando em recorrentes atropelamentos de primatas e outras espécies nativas.

A falta de estruturas de mitigação é evidente: não há cercas de direcionamento, redutores de velocidade específicos, túneis de travessia ou passagens aéreas para fauna — medidas amplamente utilizadas em rodovias que atravessam áreas de conservação. Esses mecanismos orientam os animais para pontos seguros de travessia e reduzem significativamente os riscos de colisões, mas, na MT-471, nenhum desses dispositivos foi implantado. O resultado é um corredor viário que representa ameaça constante para espécies já vulneráveis devido ao avanço urbano e à fragmentação de habitat.

A rodovia conecta Rondonópolis ao Rio Vermelho e fica próxima ao Parque Estadual Dom Osório Stoffel e à RPPN João Basso – Cidade de Pedra, áreas naturais de alto valor ambiental. Mesmo assim, a região tem assistido ao crescimento de empreendimentos recreativos, condomínios e clubes às margens da via, muitos deles promovidos com discursos de integração com a natureza — um contraste que evidencia a distância entre a imagem promovida e as ações efetivamente adotadas para proteger a fauna local.

Enquanto a MT-471 continua sendo usada como vitrine imobiliária e rota de lazer, os constantes atropelamentos escancaram a necessidade de uma gestão ambiental mais responsável. Especialistas reforçam que, sem medidas urgentes, o convívio entre o fluxo de veículos e a vida silvestre permanecerá desequilibrado — e os animais seguirão sendo as maiores vítimas desse descaso silencioso.

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Redação GNMT