Por Raquel Kralike Lopes
Na próxima segunda feira, dia 31 de outubro, completamos 505 anos de Reforma Luterana. O movimento reformatório, iniciado por Martinho Lutero em 1517, surgiu a partir do seu descontentamento com a mercantilização da fé. Na época, as pessoas viviam amedrontadas com o que poderia lhes acontecer, caso não fizessem tudo o que estivesse ao seu alcance para alcançar a salvação. Mas como as pessoas poderiam saber se já haviam feito todo o possível para serem salvas? A angústia, gerada por esse e outros questionamentos, fazia com que as pessoas buscassem alcançar a salvação através do que estava sendo-lhes ofertado: a compra de indulgências.
Toda essa situação trazia inquietação ao coração de Martinho Lutero, na sua busca por paz, ele debruçou-se sobre as Sagradas Escrituras, especialmente, sobre as cartas paulinas. E foi através da palavra de Romanos 1.17, onde se lê: “O justo viverá por fé” que ele descobriu um Deus de amor, graça e misericórdia. E por isso, como protesto, Martinho afixou em 31 de outubro de 1517, na porta da igreja do castelo de Wittenberg, suas 95 teses contra a venda de indulgências para obtenção de perdão e salvação.
Ao fazer isso, Martinho Lutero resgata o ensino bíblico da centralidade de Cristo, como único fundamento da nossa fé e da nossa salvação. E ao mesmo tempo, deixa claro que se a salvação é realizada somente por Cristo, então podemos alcançá-la somente pela fé e não pelas nossas obras.
Nesse ano, em que celebramos 505 anos da Reforma Luterana, é importante recordar os aspectos principais que desencadearam o movimento reformatório, para que não permitamos que a fé, o perdão e a salvação, nos ofertado graciosamente em Jesus Cristo, sejam novamente colocados à venda. Afinal, conforme a palavra de Filipenses 2.7s, foi para isso que Jesus esvaziou-se de si mesmo, humilhou-se e foi obediente até a morte, morte de cruz.
Desejo que o Santo Espírito venha sobre nós, nos conceda sabedoria e compreensão da Palavra. E assim, alimentada e fortalecida, a nossa fé acolha o ato gracioso, de perdão, reconciliação e salvação, realizado por Deus em Jesus. Lembremo-nos também que a cruz tem duas extremidades, uma aponta para Deus, a outra, para o próximo! Isso significa que o amor, o perdão e a graça de Deus que nos alcançam, precisam também ser partilhadas, inclusive, com pessoas pecadoras, tais quais, você e eu.
Raquel Kralike Lopes é pastora da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Rondonópolis