O parlamentar avaliou que essa decisão interfere na atuação e segurança dos policiais militares e civis ao deslocarem presos para outro município
Com o fechamento da Cadeia Pública do município de Porto Alegre do Norte, nesse mês de julho, o deputado estadual Delegado Claudinei (PSL) mostrou a sua indignação ao tomar conhecimento que a iniciativa do Governo de Mato Grosso foi para a contenção de gastos. Essa decisão surpreendeu os servidores que serão remanejados para Vila Rica com uma parte dos presos e o restante seguirá para a unidade prisional de Água Boa.
“Infelizmente, nada que está ruim que não pode piorar. Mais uma cadeia pública fechada em Mato Grosso. Neste ano, além de Porto Alegre do Norte, o município de São José do Rio Claro também está sem unidade prisional. Sem contar que, pelas informações que obtive, em 2019, foi fechado em Rio Branco, no ano de 2020, Poconé, Dom Aquino e Alto Garças. Não vou discutir Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), acordo entre o Poder Executivo Estadual, Poder Judiciário e Ministério Público. O que avalio que essa contenção de gastos não dará total segurança para a população”, declara o parlamentar.
Ele esclarece que o a população tem uma falsa impressão quando se fecha uma Cadeia Pública no município e pensa que vão ficar mais seguros, sem ter presos na cidade. “Infelizmente, isso não condiz com a realidade. Vamos citar o caso de Porto Alegre do Norte. A unidade mais próxima para conduzir um preso é de aproximadamente 130 km. Então, os policiais militares ou civis terão que efetuar as prisões e conduzi-los para a unidade mais próxima. Ida e volta dará 260 km, sem contar o tempo que gasta para deixar o preso. Estes servidores que estão em deslocamento, não vão estar na cidade para fazer a guarnição para proteger os moradores”, explica o deputado.
Déficit
A falta de efetivo de servidores na Polícia Militar (PM) e Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC) é uma das pautas que o parlamentar levanta na Assembleia Legislativa, já que há anos não ocorrem concursos públicos para renovar o quadro de pessoal e que por meio de um levantamento realizado em 13 polos regionais da Região Integrada de Segurança Pública de Mato Grosso (Risp), em 2020, pela Comissão de Segurança Pública e Comunitária da Casa de Leis, foi identificado o déficit de profissionais nessas instituições.
“E aí? A polícia militar vai sair para levar o preso. Já não temos efetivo. Quem é que vai fazer o trabalho ostensivo e preventivo? Quem vai fazer a segurança da população, atender um homicídio, um traficante que está vendendo drogas na esquina? Se fosse na polícia civil, se tiver um investigador só no plantão, vai precisar do apoio do escrivão pra levar esse preso até a unidade prisional mais próxima. Então, vai ter que fechar a delegacia. E quem vai fazer o atendimento à população, quem vai fazer o boletim de ocorrência?”, indaga Claudinei.
Surpresa
Com a falta de uma comunicação prévia, os servidores da Cadeia Pública de Porto Alegre do Norte ficaram surpresos com a situação. De acordo com o policial penal Cláudio Nascimento, 43 anos, não sabe o que vai fazer, pois foi determinado para que ele se apresenta na unidade prisional de Vila Rica até o dia 3 de agosto. “Eu praticamente nasci aqui, com 4 anos de idade. Não sei o que fazer. Fiquei bastante surpreso com o fechamento. A gente ficou bem abalado, pois não tínhamos noção disso”, expõe o servidor.
Ele ressalva que existia uma ação pública do Ministério Público Estadual que fazia algumas exigências como a obtenção de licenças junto à Vigilância Sanitária e o Corpo de Bombeiros. “Tínhamos, também, problemas com a fiação elétrica e uma fossa que estava em céu aberto. Mas, o Conselho sempre foi parceiro do Estado, dos servidores e da unidade, juntamente com comerciantes e outras pessoas, que procuravam resolver essas pendências pedidas pelo Ministério Público”, comenta Nascimento.
Em relação ao efetivo, Cláudio explica que, há uns anos atrás, o número de servidores era no total de 16. Ele diz que o Ministério Público chegou a solicitar a nomeação de mais oito profissionais. “Foi feito o concurso público e não foi feito a nomeação para cá”, aborda o policial penal.
Com a declaração do servidor, Claudinei ficou desapontado em ver o transtorno que os policiais penais estão passando em ter que mudar para outra cidade. “Ele (Cláudio) mora naquela cidade, vai ter que deixar a sua família lá e trabalhar em outro município. Vai ter que organizar a mudança. Será que o governo estadual vai ajudar nos custos para essa mudança. Mas, podem alegar que ele é servidor público e pode ser removido para qualquer município do Estado. Não importa. Então, infelizmente não tem este bom senso”, lamenta.
O deputado conclui que a contenção de gastos do governo estadual é equivocada com o fechamento da cadeia, já que há uma lista de cerca de 900 aprovados para serem nomeados no último concurso para atender o Sistema Penitenciário, haverá gastos com combustíveis, os policiais estarão colocando a vida em risco, em rodovias, com o translado para remanejar os presos e a população ficará sem a guarnição devida para o atendimento de ocorrências no município.