Mãe não crê que filho tenha sido morto por justiceiros no Paraguai

Desde que soube do assassinato do filho no Paraguai, Mariângela Laurete Pires, de 51 anos, tem passado por momentos difíceis. Ela tem muitas dúvidas sobre as circunstâncias que envolveram a morte de Rogério Laurete Buosi, de 26, mas não acredita, nem por um segundo, que ele tenha sido alvo de um grupo de justiceiros. 

O mato-grossense foi encontrado morto com vários tiros na noite de sábado (25) dentro de uma residência em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, onde estava morando. Ao lado do corpo havia um bilhete em português “Não roubar na fronteira ASS: Juss Front”.

Segundo a imprensa local, o grupo "Justiceiros da Fronteira" teria aparecido há alguns meses e cometido outros crimes no Departamento de Amambay, subdivisão administrativa do País.

Colocaram aquele papel escrito à caneta que qualquer tonto pode escrever

“Colocaram aquele papel escrito a caneta que qualquer tonto pode escrever”, diz a mãe indignada. “Não acredito nessa tese que os justiceiros entram lá, porque quem entrou conhecia a casa”. 

Segundo a polícia do Paraguai, o imóvel não tinha sinais de arrombamento, o que corrobora, segundo os investigadores, com a hipótese de que alguém conhecido teria cometido o crime. Até o momento, nenhum suspeito foi identificado. 

Rogério estava no país há cerca de um mês, morando com amigos. Ele mantinha um relacionamento com uma jovem paraguaia, que Mariângela acredita ter sido a "sentença de morte” do filho. “Na minha concepção ele quis ficar lá mais porque se apaixonou por essa menina”, explica. 

Mariângela soube que o filho teria se desentendido recentemente com o irmão da jovem, mas não sabe por qual motivo. A família, segundo a mãe, pedia constantemente que o Rogério retornasse ao Brasil. 

Noite da morte e o descaso com a família

No dia do crime, uma mulher entrou em contato, por meio das redes sociais, para informar a família sobre a morte de Rogério. Ela teria estado com a vítima momentos antes. 

Mariângela não tem informações oficiais sobre o que aconteceu, apenas a versão dessa mulher - até então desconhecida - e as informações publicadas na mídia. 

Porque ele discutiu com alguém não era motivo para o cara ir lá dar 6 tiros de .40 e deixar a massa encefálica do meu filho escorrer

“A gente fica com a revolta no coração porque a Polícia não ligou até agora”.

A mãe, além da dor da perda, tem lidado com a falta de respostas. “Cadê o RG do meu filho? O celular dele? Eu quero as fotos, são recordações, a única coisa que vai sobrar do meu filho”, questiona ela. “Tem um boletim de ocorrência? Vão investigar?". 

Mariangela precisou imprimir a foto do RG do filho pela internet, a partir de uma matéria publicada em um site local. Ela já tentou entrar em contato com as autoridades da cidade, mas até o momento não teve nenhum retorno. 

A mulher que entrou em contato com a família alegou que ela e Rogério estavam em um bar, quando em determinado momento o rapaz teria se desentendido e discutido com três ou quatro homens. “Eu não sei até onde isso é verdade”, diz Mariângela.

De lá Rogério teria ido, segundo a mulher, para casa com ela, que logo em seguida seguiu para outro lugar. “Ela falou que não ficou na casa porque ele só tinha um colchão e as roupas”. 

A maior parte dos tiros acertou a cabeça de Rogério, que morreu na hora. “Porque ele discutiu com alguém não era motivo para o cara ir lá dar 6 tiros de .40 e deixar a massa encefálica do meu filho escorrer”, diz emocionada a mãe. 

“Estraçalharam a cabeça do meu filho, eu não pude nem passar a mão no cabelo dele, porque estava de toca”. 


 O bilhete


A hipótese de que o rapaz teria sido alvo dos Justiceiros da Fronteira surgiu a partir do bilhete deixado ao lado do corpo. 

 Segundo Mariângela, o filho tinha um temperamento forte, mas um coração muito bom: “Ele tinha o dom do perdão”, conta. “Se ele discutia com você, em 5 ou 10 minutos já estava falando de novo”, complementa. 

O único consolo da mãe é que o filho não tenha sofrido segundos antes de morrer pois, pelas imagens parecia estar dormindo. As fotos do corpo de Rogério foram amplamente divulgadas pela imprensa paraguaia. “Um jornal de lá publicou o meu filho com a cara toda estraçalhada”. 

Nelas, segundo a mãe, o filho aparecia deitado de lado, como se não tivesse reagido. “A pessoa que entrou sabia que ele estava sozinho. Se ele foi seguido como a menina disse, a pessoa viu que ele entrou sozinho”, comenta. 

Para ela a hipótese de que o filho estivesse roubando não passa de um meio para tentar encobrir o verdadeiro culpado. “Ele devia estar roubando muito né! Porque ele estava dormindo em um colchão imundo, que eu vi lá [nas foto], fino sem lençol e só com a roupa”, ironiza ela sobre as péssimas condições em que o filho se encontrava.


 

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Redação GNMT